Associação de Vítimas defende criação de centro interpretativo com recurso ao Revita
A Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) defendeu a construção de um centro interpretativo em torno dos fogos florestais com recurso às verbas que sobrarem do fundo Revita.
“Queremos que seja criado um centro interpretativo do incêndio, na sede da Associação, para as pessoas poderem compreender aquilo que aconteceu [em 17 de junho de 2017]”, afirmou à agência Lusa a presidente da AVIPG, Dina Duarte.
Para esta responsável, as verbas remanescentes do fundo Revita, criado para apoiar as populações afetadas por aqueles grandes incêndios, deveriam ser “aplicadas no território e não continuarem a estar numa conta qualquer”.
Nesse sentido, Dina Duarte propõe que as verbas possam ser aplicadas na criação de um centro interpretativo que permita explicar os incêndios que ocorreram naquele ano, a partir dos estudos científicos feitos, nomeadamente o relatório do investigador Xavier Viegas.
O centro poderia também apresentar um “conjunto de boas práticas que possa ser passado à população e visitantes”, sobre como agir perante um incêndio.
“Deveria ter uma perspetiva didática, formativa, com a possibilidade de escolas virem até aqui e poderem ser utilizados esses conhecimentos no futuro”, referiu, considerando que esse centro interpretativo tanto poderia ser feito recorrendo ao espaço da sede da AVIPG ou junto à mesma.
Os três municípios mais afetados pelos incêndios de 2017 (Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera) foram este ano palco de grande parte das comemorações do Dia de Portugal, 10 de Junho.
Dina Duarte espera que este momento possa representar “um olhar para o território” e a execução de medidas prometidas pelo anterior Governo, mas que demoram a ter resultados visíveis no território, nomeadamente no que toca ao ordenamento e gestão da floresta.
“Há um conjunto de pequenos concelhos do interior que precisam de um outro olhar”, vincou.
Para a presidente da AVIPG, será fundamental um trabalho “a montante, na prevenção dos incêndios”, referindo que já há projetos no terreno, como as Aldeias Seguras ou Condomínios das Aldeias, mas não em número suficiente.
“O problema é que há muitos projetos, mas, no terreno, o que se vê é quase nada. Quando falamos das áreas integradas de gestão da paisagem ou dos condomínios, a maioria ainda estão no papel”, notou.