Profissionais de saúde de Leiria desafiam utentes a juntarem-se numa vigília em defesa do SNS
A dirigente sindical da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Sandra Hilário, disse à agência Lusa que a ideia partiu do Sindicato dos Médicos da Zona Centro (SMZC), que integra a FNAM, que convidou o Sindicato Independente dos Médicos, o Sindicato Independente Profissionais Enfermagem, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Centro para se juntarem ao alerta para a “fragilidade atual do SNS, particularmente nesta região”.
“Desafiamos a população a juntar-se a nós e a lutar por um SNS saudável, pois este está muito doente. Queremos homenagear o SNS nos seus 45 anos e alertar para a sua fragilidade. É muito triste se morrer com 45 anos”, apontou Sandra Hilário.
A médica cirurgiã na Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL) referiu que esta vigília se destina a todos – utentes e profissionais de saúde - e que ela própria estará presente como utente, porque os utentes em Leiria têm “uma resposta muito pálida”.
“Abriram várias vagas para a contratação de médicos e nem metade foram preenchidas. Os serviços de urgência estão sempre com constrangimentos. Não queremos que os nossos utentes vão para outros hospitais. Queremos que tenham uma resposta na ULS de Leiria”, sublinhou.
Numa nota de imprensa conjunta, os sindicatos adiantam que o SNS comemora, no dia 15 de setembro, 45 anos, “uma data de extrema importância, sobretudo no contexto atual em que vivemos, onde todos os dias somos confrontados com o enfraquecimento do nosso SNS, com palidez na sua estrutura, feridas crónicas nos seus profissionais, com lesões em vários dos seus órgãos vitais e sem o seu devido acompanhamento por parte da tutela”.
Defendendo a necessidade de “salvar o SNS”, os profissionais de saúde alertam para a importância de “investir no SNS” para “revitalizar todas as suas células e os seus recursos, rejuvenescendo os seus órgãos e impedindo o seu fim, em tão tenra idade, 45 anos”.
Na ULSRL, que serve uma população de cerca de 400 mil habitantes, cerca de 110 mil utentes não têm médico de família, informa o comunicado, que alerta ainda para a sobrelotação dos serviços e para os constrangimentos que todas as especialidades dos serviços de urgência enfrentam.
“Os seus profissionais realizam milhares de horas extra para colmatar cuidados necessários. Esta é a ULS onde não se pode nascer todos os dias, pois as grávidas são frequentemente orientadas para outros hospitais. A população abrangida pela ULSRL tem direito à saúde e a uma resposta de proximidade e de qualidade, de ver os seus cidadãos nascer em segurança e perto das suas famílias”, frisa o comunicado.
Os sindicatos garantem que “não é apenas a população que está preocupada com a integridade e sobrevivência do SNS, mas também todos os seus profissionais aqui na ULSRL”.
Por isso, os profissionais de saúde esperam a adesão da população, amanhã, às 21h00, em frente ao Hospital de Santo André, em Leiria.
Vinte e três médicos foram colocados na ULSRL no âmbito dos três concursos lançados em agosto para contratar um total de 84 médicos.
Numa informação enviada à agência Lusa sobre os concursos, já fechados, a ULSRL refere que, “no âmbito do procedimento concursal para a contratação de médicos na primeira época de 2024, foram colocados” um médico de saúde pública e 10 de medicina geral e familiar.
Os restantes 12 médicos são das especialidades de cirurgia, hematologia clínica, oftalmologia, ortopedia, patologia clínica, pediatria, pneumologia, psiquiatria e radiologia.