Festival de teatro Acaso leva a Leiria artistas de sete nacionalidades

Artistas e companhias de sete países apresentam 25 espetáculos na 29.ª edição do festival internacional de teatro Acaso, que acontece em Leiria entre sábado e 27 de outubro, com extensões à Batalha e Porto de Mós. Austrália, Cabo Verde, Colômbia, Cuba, Espanha, Moçambique e Portugal estão representados no festival organizado pelo grupo O Nariz que, além de teatro, conta na programação com música, marionetas, contos, circo e performances multidisciplinares.
A diversidade procura refletir que “a vida, assim como a arte, é intrinsecamente caótica e fragmentada”, espelhando o Acaso essa “complexidade e diversidade da experiência humana” num programa que “abraça a desordem”, mas que “paradoxalmente, encontra a beleza e a coerência na sua própria incoerência”.
No arranque estreia-se a nova versão de ‘O meu pequeno país’, peça escrita por Luís Mourão e apresentada pel’O Nariz no primeiro Acaso.
“Fala acerca de ocupação de espaço: uma campa. Eles lutam por uma campa, que tem um tomateiro, uma alface e uma couve”, antecipou à agência Lusa Pedro Oliveira, encenador que integra o elenco com Francisco Soares, Gabriel Bonifácio e Glenmy Rodríguez.
Com conflitos abertos na Ucrânia e no Médio Oriente, a peça recupera “uma metáfora sobre a guerra”, em que a principal novidade é ser interpretada em quatro línguas: português, castelhano, inglês e francês. “Falamos todos cada um na sua língua e entendemo-nos todos, como se falássemos a mesma”, explica Pedro Oliveira. A ideia é “passar para o público que as guerras não têm línguas, mas todas têm o mesmo objetivo: ocupar território do outro, matarem-se uns aos outros, indiferentemente de quem as faz”.
Se a mensagem escapar, não há problema, garante o ator e encenador: “Fica ‘nonsense’, fica Beckett, e o absurdo faz parte do teatro”.
Após a estreia de ‘O meu pequeno país’, este sábado, dia 21, às 21h00, no Teatro Miguel Franco (TMF), o festival prossegue com ‘Contos ao Pôr-do-Sol’, no dia 22, em Alvados, concelho de Porto de Mós.
No dia 26 de setembro, o cubano Glenmy Rodríguez apresenta o monólogo ‘El casting’ na sede d’O Nariz e, no dia 27, a Companhia da Esquina leva ‘Terror e miséria no Terceiro Reich’ ao Teatro José Lúcio da Silva (TJLS).
O coletivo luso-cabo-verdiano Saaraci chega ao TMF com ‘O último gafanhoto no deserto’ a 28 de setembro, e, no dia seguinte, no mesmo palco, há marionetas da Partículas Elementares em ‘Eu quero a lua’. Entre 4 e 6 de outubro há um aglomerado de marionetas, circo e ‘clown’ no TMF e Mercado de Santana: ‘Cucko, in love’, do espanhol Francisco Quirós, ‘Los secretos de la piedra’, de Alúa Teatro (Espanha), ‘El Extraordinaria’, da companhia eLe (Espanha), ‘The Fire Ninja’, do australiano Chris Blaze, ‘Sombras’, do Teatro Só, ‘Ara’, da Andreia Rios Companhia (Colômbia) e ‘Super-herói’, dos também espanhóis El Perro Azul. Pelo meio, no dia 5, ‘Anton, o rato do circo’, da Marimbondo, vai à Batalha.
‘Fantasma’, concerto de Bluesnoise Soundmachine, está no TMF no dia 10 de outubro. No dia seguinte, o palco é da Mireia Miracle Company (Espanha), com o ‘clown’ ‘Rojo’.
Há outros palhaços em cena no dia 12, em ‘Kokorokokaixa’, do Teatro Extremo.
A 15 de outubro há tertúlia sobre ‘As portas que abril Abriu’ na sede d’O Nariz, com os cantautores Samuel e Lúcia Moniz e o dramaturgo Luís Mourão. No dia seguinte, Samuel, Lúcia Moniz e Nuno Tavares levam ao TMF a música e poesia de ‘A liberdade é uma ilha’.
O Teatro Nacional 21 mostra no TJLS ‘O meu amigo H’ a 19 de outubro e no dia 20 há Art’Imagem no TMF com ‘Espécies Lázaro’. A experiência musical ‘Manifesto’, de Iúri Oliveira, acontece no dia 24 de outubro, com público em 360º no TMF, onde está o moçambicano Klemente Tsamba no dia seguinte, com ‘DizContos’.
Na sede do grupo O Nariz, no dia 26, o Teatro Amador de Pombal representa ‘J elevado a 2’ e o festival despede-se no dia 27 com performances várias no microfestival O Portão. |