“Precisamos de florestas sustentáveis, geridas de forma a prevenir incêndios”

Cerca de quatro dezenas de pessoas juntaram- -se em Castanheira de Pera e junto ao memorial das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, para protestar contra os incêndios, o abandono do território e a monocultura de eucalipto.
José Pais, engenheiro florestal e um dos participantes na manifestação, alertou para o rumo errado que o país está a seguir na gestão florestal. “Defendemos que é preciso olhar para o nosso país, para a nossa realidade, para os nossos problemas e levar à população a informação de que estamos a seguir o caminho errado”, declarou, em entrevista ao nosso jornal.
O engenheiro florestal também explicou a necessidade de valorizar outras espécies e criar alternativas sustentáveis. “Hoje em dia, o pinho tem sido desvalorizado, quando poderia perfeitamente ser utilizado para mobiliário, construção e outras aplicações de valor”, defendeu.
Para José Pais, a solução passa por uma mudança de paradigma. “O eucalipto não é para ser retirado completamente, mas onde está mal colocado, como junto a aldeias e linhas de água, é preciso corrigir e criar faixas com espécies autóctones”, afirmou.
“Precisamos de florestas sustentáveis, geridas de forma a prevenir incêndios e garantir a viabilidade do território. Não pode ser uma fatalidade”, vincou.
Os manifestantes também lembraram os incêndios de 2017, que devastaram a região, mas apontaram exemplos de manchas florestais que resistiram às chamas, nomeadamente carvalhos e castanheiros “Essas manchas ainda estão lá, e são a prova de que uma floresta diversificada é o caminho a seguir”, assegurou. Para além de Castanheira de Pera e Pedrógão Grande, no domingo, realizaram-se ainda manifestações em várias zonas do país.