Teatro "Paredes com ouvidos" testemunha a violência da ditadura
“Paredes com ouvidos”, a nova criação teatral da associação Rugas, a estrear-se no dia 18 no Forno, espaço cultural, em Rio de Mouro, Sintra, resgata testemunhos da violência da ditadura, e expõe práticas de tortura e censura no Estado Novo.
A nova criação da Rugas propõe uma “experiência sonora e visual de uma memória coletiva e individual de 48 anos de ditadura, vividos em Portugal de 1926 a 1974”, disse à agência Lusa fonte da associação.
“Se estas paredes falassem, se despertassem do sono do esquecimento e nos contassem a história dos corpos e das sombras, das vozes, dos gritos ou dos silêncios que testemunharam o que diziam”, muito teriam a contar, muitas evidências da violência emergiriam. "Paredes com ouvidos" permitem perceber essa realidade, equacionando memórias e vestígios desses factos no espetáculo, acrescentou.
Com antestreia no dia 17, a peça estará em cena até 20 de outubro e integra-se nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, com o apoio da Câmara Municipal de Sintra.
O texto da peça foi elaborado a partir de testemunhos reais, de pesquisa de arquivos e de entrevistas e tenta “explorar e propor uma reflexão sobre o binómio ditadura-liberdade”.
A memória dos lugares, dos objetos, das imagens e dos sons de um tempo “não tão distante”, marcado por perseguições, repressão, censura, clandestinidade e torturas são recordados na peça, de modo a “não nos esquecermos desse período de medo constante e da opressão de uma moral estabelecida que arrastava o país para um definhar cinzento”, lê-se na apresentação da obra.
Com sessões às 21:00, nos dias 17 a 19 de outubro, e às 16:00, no dia 20, “Paredes com ouvidos” é uma criação, com dramaturgia e encenação de Patrícia Cairrão e Ricardo G. Santos.