Igreja quer reconhecimento do papel das escolas católicas no ensino
O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé defendeu ontem, em Fátima, a necessidade de “reconhecimento do papel desempenhado no ensino em Portugal pelas escolas católicas”.
“O ensino em Portugal não se resume à escola pública, como às vezes parece querer-se fazer entender”, disse o também bispo de Vila Real, António Augusto Azevedo, na sessão da abertura do II Congresso Nacional da Escola Pública.
Para a Igreja, “a Educação não é uma posição de conveniência ou uma oportunidade de negócio”, afirmou o prelado, manifestando a “disponibilidade da Igreja para dialogar com o Estado”, nomeadamente com o Ministério da Educação.
“A Escola católica é uma realidade importante na própria Igreja e o ensino foi desde muito cedo importante na missão evangelizadora da Igreja”, disse António Augusto Azevedo no congresso que assinala os 25 anos da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC).
Na mesma sessão, Fernando Moita, diretor do Secretariado Nacional da Educação Cristã, entidade organizadora do congresso, frisou que “a pessoa humana é a razão da (…) missão” das escolas católicas, estabelecimentos que “propõem os alicerces de um verdadeiro humanismo”.
“A Escola Católica serve uma missão de Igreja ao serviço da sociedade”, disse, por sua vez, o secretário-geral do Comité Europeu do Ensino Católico.
O projeto educativo da Igreja “destina-se a todos, quaisquer que sejam as suas origens e as suas crenças”, acrescentou Louis-Marie Piron.
“O nosso desejo de acolher todos coloca-nos na linha mais avançada da Igreja para com as novas gerações que, muitas vezes, não terão nenhum contacto com a religião católica, a não ser através de nós”, disse este responsável europeu, sublinhando que “em vários países do mundo, se não houvesse escolas católicas, não haveria escolas suficientes para educar e formar todos os alunos”.
“Desta forma, a Escola Católica desempenha um serviço de utilidade pública para a sociedade”, enfatizou.
Numa mensagem em vídeo, o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, o cardeal português José Tolentino Mendonça, frisou que “numa sociedade de comunicação, que os projetos católicos no âmbito educativo não ignoram, é importante ser ator ativo, que marca presença, que informa e anuncia, ator mobilizado para os debates contemporâneos neste campo, ator que irradia de uma forma serena e responsável e que se torna testemunho”.
“Hoje, na rede da geografia do nosso país, as escolas católicas constituem uma grande rede de esperança. São como faróis acesos. E isso é muito importante, porque são pontos de referência credíveis, são pontes para um diálogo, são formas de presença estabelecida que favorecem a amizade social e a fraternidade de que tanto fala o Papa Francisco”, acrescentou o cardeal madeirense.
O congresso, que decorre até hoje, tem mais de 300 participantes em representação de mais de uma centena de escolas católicas nacionais, as quais congregam mais de 66 mil alunos em Portugal, e tem como fio condutor o “Pacto Educativo Global”, proposto pelo Papa Francisco em 12 de setembro de 2019. No congresso, as escolas católicas portuguesas discutirão estes compromissos do pacto proposto pelo Papa, “centrados na ‘pessoa’ (...) e com a especial preocupação nas gerações mais novas, nas famílias, nos mais vulneráveis, no mundo complexo da economia e da política, na (…) casa comum”, sublinha Jorge Cotovio, secretário-geral da APEC.
Os trabalhos visam também promover “a identidade e a missão da Escola Católica e afirmar o seu papel marcante e insubstituível nos tempos atuais”.