Provedor de Justiça de Espanha recolheu 674 testemunhos de crimes sexuais na Igreja
O provedor de Justiça de Espanha recolheu 674 testemunhos de abusos sexuais cometidos na Igreja Católica no país e apelou hoje às instituições públicas para avançarem com formas de compensação das vítimas e de prevenção de novos crimes.
O parlamento espanhol decidiu a 10 de março de 2022 criar uma comissão presidida pelo provedor de Justiça, Ángel Gabilondo, para investigar pela primeira vez de forma oficial, os abusos a menores no seio da Igreja Católica.
Ángel Gabilongo apresentou hoje, presencialmente, aos deputados e senadores o relatório do trabalho dessa comissão, um documento que já tinha entregado em outubro e já era conhecido.
No entanto, o provedor atualizou hoje os números de testemunhos de vítimas e alegadas vítimas recolhidos pela comissão, que mantém abertos os canais de comunicação para quem quiser relatar e denunciar casos.
Até agora, a Provedoria recolheu 674 testemunhos de alegadas vítimas ou de pessoas próximas de alegadas vítimas de abusos sexuais cometidos "no âmbito da Igreja Católica" em Espanha.
As alegadas vítimas são 563 homens e 110 mulheres.
O relatório da Provedoria de Justiça inclui também o resultado de uma sondagem que estima que 1,3% da população adulta de Espanha foi vítima deste tipo de crimes, o que equivale a cerca de 445 mil pessoas.
Segundo a mesma estimativa, 0,6% dos abusos, envolvendo perto de 236.500 vítimas, foram cometidos por sacerdotes ou outros membros da Igreja Católica.
Entre as 24 recomendações e sugestões do relatório do Provedor de Justiça está a criação de mecanismos para ressarcir as vítimas dos abusos sexuais na Igreja Católica, a organização de um evento público de reconhecimento dos abusos e mudanças legislativas para prevenir este tipo de crimes.