Gonçalo Lopes denuncia “desequilíbrios gritantes” na distribuição de médicos
O presidente da Câmara de Leiria pediu na segunda-feira um equilíbrio justo na distribuição de profissionais de saúde, em particular médicos, durante a apresentação do Plano Nacional de Saúde. Gonçalo Lopes (PS) denunciou que existem “desequilíbrios gritantes no país” na distribuição de médicos hospitalares.
“Cidades de dimensão semelhante, seja territorial, seja demográfica, apresentam desequilíbrios difíceis de perceber no que diz respeito ao investimento público em saúde”, afirmou o autarca, que na última reunião de Assembleia Municipal tinha mostrado o seu desagrado pela Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra ter 90 obstetras/ginecologistas e a ULS da Região de Leiria apenas 13.
Por isso, considerou “imperativo garantir um equilíbrio justo na distribuição de profissionais de saúde, em particular médicos”.
Para o autarca, se este equilíbrio não for alcançado, corre-se o risco de ver os hospitais da ULS de Leiria “incapazes de responder adequadamente às necessidades da população”.
As reivindicações de Gonçalo Lopes estenderam-se ainda à “necessidade de reforço urgente da rede de cuidados primários”, o que “prejudica a capacidade de resposta”.
“É necessário investir, com urgência, para garantir um acesso mais equitativo aos cuidados de saúde”, reforçou na sua intervenção.
Também o processo de transferência de competências na saúde “não corresponde à realidade do terreno”, sendo os “meios alocados notoriamente insuficientes face às reais necessidades”.
O presidente da Câmara de Leiria e da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria afirmou que não apresenta “este caderno de encargos de ânimo leve”, mas porque os “municípios estão genuinamente preocupados com a saúde das suas populações”.
“Apontamos desafios, identificamos problemas, mas estamos igualmente disponíveis para cooperar na busca de soluções”, tais como o projeto 'Bata Branca', em que as autarquias pagam parte do salário a médicos aposentados para prestarem cuidados nos centros de saúde
Não obstante, Gonçalo Lopes disse que tem “grandes expectativas em relação ao Plano Nacional de Saúde”, sobretudo, porque “uma das orientações deste plano se centra na redução das desigualdades no acesso aos cuidados de saúde, em especial na proteção das populações mais vulneráveis”.A Direção-Geral da Saúde (DGS) apresentou na segunda-feira o Plano Nacional de Saúde (PNS) em Leiria, com o objetivo de ir ao encontro das pessoas e contar com a comunidade para alcançar os objetivos, pois a DGS não pretende que seja apenas um documento estratégico, mas que possa “ser vertido naquilo que são experiências locais e experiências também regionais”, adiantou a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado.
“A comunidade, o nível local, aquilo que muitas vezes designamos pelos atores do terreno são, sem dúvida alguma, aqueles que fazem a verdadeira diferença para a saúde das populações. E é isto que queremos alavancar”, destacou.
A diretora-geral da Saúde disse que Leiria foi o ponto de partida para um ‘roadshow’ que levará o PNS a outras regiões, adiantando que o PNS irá juntar os diferentes programas de saúde que já estão implementados e perceber de que modo podem contribuir para alcançar os objetivos nos próximos cinco anos.|