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Rede de teatros europeus diz que avanço de extrema-direita ameaça liberdade de criação

A dirigente sublinhou que a extrema-direita tem preferido “retirar pessoas, quase à pinça, do seu local de trabalho para serem substituídas por outros, que têm uma agenda de propaganda cultural”

A líder da maior rede de teatros com financiamento público da Europa denunciou à Lusa despedimentos de artistas devido à chegada ao poder da extrema-direita, que descreveu como uma ameaça à liberdade de criação.

A presidente da European Theatre Convention (ETC), Cláudia Belchior, que reúne 63 teatros de 31 países, incluindo quatro de Portugal, disse que o problema foi sentido em Itália, Polónia, Eslováquia, Áustria e “está a começar a crescer na Alemanha”.

A 1 de setembro, a Turíngia, no leste do país, tornou-se o primeiro estado federal onde o Alternativa para a Alemanha , partido de extrema-direita, é a principal força parlamentar.

As autoridades nacionais e regionais das “direitas radicais têm tido uma atitude muito gravosa” nos teatros, galerias de arte e museus públicos europeus, disse a portuguesa Cláudia Belchior.

“Temos um número significativo de associados que estão a ser despedidos, simplesmente porque não têm a linguagem nacionalista que neste momento lhes interessa”, lamentou a também assessora artística da Fundação Centro Cultural de Belém.

Há teatros em que, pura e simplesmente, o repertório foi eliminado para passar a haver um repertório com uma linguagem nacionalista, única, e isso é muito perigoso para as nossas democracias”, alertou Belchior.

A dirigente sublinhou que, em vez de simplesmente encerrar instituições culturais, a extrema-direita tem preferido “retirar pessoas, quase à pinça, do seu local de trabalho para serem substituídas por outros, que têm uma agenda de propaganda cultural”.

Belchior recordou que, no ano passado, o Governo de Itália, liderado pelo partido de extrema-direita de Giorgia Meloni, anunciou que os diretores de museus e outras instituições culturais deveriam ser italianos.

Os nossos colegas italianos, infelizmente muitos deles não falaram, tinham medo. Existe uma cultura de medo: ‘Eu vou falar, eu vou para a rua’”, alertou a dirigente.

Belchior falou à Lusa na região semiautónoma chinesa de Hong Kong, onde está a participar na Hong Kong Performing Arts Expo, uma conferência de profissionais das artes de palco que termina hoje.

Outubro 18, 2024 . 12:45

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