Beber uma zurrapa num restaurante de luxo ou um vinho de excelência numa roulotte de bifanas?
Quem vai um restaurante de luxo, não espera beber um vinho daqueles a que chamamos zurrapa. Quem vai a uma roulotte comer uma bifana frita em óleo que bateu o record olímpico de maior número de frituras, não vai beber um vinho reserva de uma casta valiosa. Mas podia beber zurrapa num restaurante de luxo e um vinho superior numa roulotte de bifanas? Poder, podia e há quem fique satisfeito por fazer esta afirmação, com a postura que lhe confere a sensação de poder. Mas não vai acontecer… nem uma coisa nem outra.
Porque como se costuma dizer, cada macaco no seu galho, ou… não se devem misturar alhos com bugalhos…
Vem isto a propósito de uma tendência que vai muito para além do universo da música, de que se pode tudo, que não há, não dever haver limites, mas – obviamente – apenas me vou referir ao universo musical em geral e ao português em particular. Nos últimos tempos, duetos improváveis foram promovidos por estações de rádio e de televisão, a um nível tal, como se se tratasse de algo único e de grande elevação. Imaginam um dueto de Maria Callas com Linda de Suza? Ou um dueto de Frank Sinatra com Roberto Leal? E escolhi propositadamente quatro nomes de áreas “opostas”, já desaparecidos, que, em cada área musical, merecem o respeito de muita gente. Nem a Maria Callas “teria” que cantar com Linda de Suza, nem esta “tinha” que cantar com aquela.
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