No que se refere a Portugal a recolha efectuada nas décadas de 60 e 70 do século passado, por Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira, elementos da equipa que com Jorge Dias, Margot Dias, Fernando Galhano, entre outros investigadores, deu origem ao Museu Nacional de Etnologia, sendo que a referida recolha se resume às Galerias de Vida Rural daquele museu que contemplam os núcleos constituídos por colecções ilustrativas dos temas da Agricultura, Pastoreio, Tecnologias Tradicionais e Equipamento Doméstico na sociedade rural em Portugal.
Mas é, sobretudo, na década de sessenta no século XX que etnomusicólogos pioneiros começaram a valorizar o estudo pela Tradição em Portugal, como “Antologia da Música Regional Portuguesa (1960 / 1970)”, da autoria de Michel Giacometti (1929-1990) e de Fernando Lopes-Graça (1906-1994), assim como o primeiro levantamento de música tradicional portuguesa por Armando Leça (1891-1977), ou então os Cancioneiros de Arouca, Cinfães, Resende, Beira Baixa, Beira Alta, Alentejo, Açores, Águeda e até os “Cancioneiro de Entre Mar e Serra da Alta Estremadura” e o “Cancioneiro da Região de Leiria”, entre muitos outros, que se devem ao trabalho de campo de homens como Virgílio Pereira, Fernando Lopes-Graça, Ernesto Veiga de Oliveira, Armando Leça, António Oleiro (1898-1976), Manuel Artur Santos, José Travaços Santos, Gervásio Lima (1876-1945), Rafael Machado, João Ilhéu (1896-1979) e o já referido Teófilo Braga, entre muitos outros.
Ora, se até existe um antropólogo, Guy Massart, que compara pesquisas desenvolvidas sobre Cabo Verde, Angola, Moçambique e a cidade britânica de Manchester, e se até existe em São Paulo (Brasil) um Museu Afro Brasil, por que não começar a desenvolver uma rede de Museus e Núcleos Etnográficos em Portugal, numa segunda fase com os países lusófonos, numa terceira fase com os países hispânicos e na fase final com os restantes Museus Etnográficos semeados pelo mundo?