Morreu o produtor musical Quincy Jones aos 91 anos
O produtor musical e compositor Quincy Jones morreu no domingo à noite, aos 91 anos, disse hoje o assessor do artista.
De acordo com o seu assessor, Arnold Robinson, Jones morreu no domingo à noite, na sua casa, no bairro de Bel Air, em Los Angeles, rodeado pela família.
“Esta noite, com o coração cheio, mas partido, devemos partilhar a notícia da morte do nosso pai e irmão Quincy Jones”, afirmou a família em comunicado.
“E embora esta seja uma perda incrível para a nossa família, celebramos a grande vida que viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele”, referiu a nota.
Jones foi um dos primeiros executivos negros a prosperar em Hollywood e a acumular um extraordinário catálogo musical que inclui alguns dos momentos mais ricos da música norte-americana.
Jones deixa um vasto legado, desde a produção do histórico álbum “Thriller” de Michael Jackson à composição de bandas sonoras premiadas para cinema (como “A Cor Púrpura”, que lhe valeu três nomeações aos Óscares) e televisão e à colaboração com Frank Sinatra, Ray Charles e centenas de outros artistas, desde Louis Armstrong e Tony Bennett a Donna Summer e Sarah Vaughn.
Nomeado por 79 vezes para os prémios da música Grammy, conquistou essas distinções em 28 momentos, o que o tornou num dos artistas mais premiados de sempre, apenas atrás de Beyoncé (32, atualmente) e do maestro Georg Solti (31).
Jones mantinha ligações ao Brasil, com amizades e elogios destinados a múltiplos artistas de renome, desde Caetano Veloso a Milton Nascimento.
Nascido em 14 de março de 1933 numa cidade de Chicago submersa no auge da Grande Depressão, Jones e o irmão mais novo chegaram a viver com a avó – que chegou a ser escrava - em Louisville, no Kentucky, numa casa sem eletricidade, antes de voltarem a Chicago e seguirem para o estado de Washington com o pai, como lembra o obituário publicado pela Rolling Stone.
Aos 11 anos, altura em que se metia em vários sarilhos com os amigos, arrombou um centro recreativo para comer tarte merengada de limão e descobriu um piano, que experimentou e o marcou: “Foi aí que comecei a encontrar paz. Tinha 11 anos. Sabia que isto era para mim. Para sempre”, escreveu na autobiografia “Q” (inédita em Portugal), citada pela Rolling Stone.
Começou a tocar aos 14 anos numa banda com um jovem dois anos mais velho chamado Ray Charles, chegando a acompanhar Billie Holiday, como lembrou a biografia publicada pelo britânico The Guardian.
Estudante de música em Seattle e depois em Boston, mudou-se para Nova Iorque, onde tocou com Elvis Presley e conheceu nomes maiores do jazz como Charlie Parker e Miles Davis. Com 23 anos, foi diretor musical de Dizzy Gillespie.
Em 1958 assinou pela editora Mercury, onde se tornou diretor de música três anos mais tarde e em 1985 esteve por trás da angariação de fundos para África intitulada “We Are The World”, que juntou 40 artistas, como Diana Ross, Michael Jackson ou Stevie Wonder.