Psicoterapia ou uma espécie de kintsugi para almas e corações
Adoro fotografias antigas, mobiliário e peças decorativas que passam de geração em geração, guardando memórias e significados especiais. Entre vários destes ‘tesouros’, guardo um conjunto de chávenas de chá e o respetivo açucareiro, que pertenceu à minha avó materna. Sempre gostei daquela modesta elegância que a simplicidade da porcelana branca do Candal tem, porém, aquilo que mais me encanta naquele serviço, é mesmo a forma cuidada e precisa com que a tampa partida do açucareiro foi colada e restaurada, perdurando para lá dos estilhaços em que um dia se encontrou.
Os japoneses têm uma arte que denominam de Kintsugi, que consiste numa técnica de fixar fissuras ou fraturas em cerâmica... com ouro. Nestas reparações, as fissuras são destacadas esteticamente, sendo que o uso daquele metal precioso valoriza a peça restaurada - vale a pena pesquisar e apreciar alguns destes produtos finais e admirar para onde nos levam aqueles veios dourados e a minúcia aplicada em todo o processo. Esta técnica, porém, é muito mais que um artesanato requintado; é também uma filosofia de vida, que honra a passagem do tempo e que realça as 'cicatrizes' que vamos ganhando pelo caminho, enquanto capital precioso de experiência acumulado.
Esta técnica, porém, é muito mais que um artesanato requintado; é também uma filosofia de vida, que honra a passagem do tempo e que realça as 'cicatrizes' que vamos ganhando pelo caminho, enquanto capital precioso de experiência acumulado.
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