O governo da AD e o direito à greve
Salvo melhor opinião, os acontecimentos recentes da morte de dez portugueses por falta de assistência médica, é um acontecimento que afectará durante muito tempo o apoio de muitos portugueses ao primeiro-ministro Luís Montenegro e ao seu governo. Mas também, penso, a forma como se olha o direito à greve, porque não há forma de olhar com benevolência pessoas e instituições que fazem greve sabendo antecipadamente que essa greve provoca a morte de pessoas.
Eu sei que a greve foi só às horas extraordinárias e que o aviso de greve foi enviado ao governo e, segundo as notícias, ao primeiro-ministro e que o descuido do governo em tomar as medidas imediatas necessárias é indesculpável, mas também sei que o sindicato teve todas essas precauções antecipando a inacção do governo e prevendo a sua condenação pelas mortes que o INEM sabia iriam acontecer. Ou seja, nestas condições o direito à greve, transformado em luta partidária, não dá o direito aos grevistas de matar pessoas.
O argumento de que possivelmente essas pessoas morreriam na mesma, dado a sua idade e o seu estado de saúde, é um argumento irresponsável e criminoso, talvez possível num ou dois casos, mas não em dez mortes sem assistência. Trata-se, por isso, de uma responsabilidade criminosa que deve ser investigada e castigada pela justiça, quer em relação ao governo quer em relação aos sindicatos.
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