Parlamento Europeu aprova próxima Comissão Europeia
O Parlamento Europeu (PE) aprovou hoje a composição da próxima Comissão Europeia de Ursula von der Leyen com 370 votos favoráveis, 282 contra e 36 abstenções.
A derradeira votação dos eurodeputados realizou-se durante o plenário de Estrasburgo, em França. No final da votação, a nova Comissão Europeia foi aplaudida por uma parte do hemiciclo. A presidente da Comissão Europeia e a presidente do PE, Roberta Metsola, abraçaram-se.
A aprovação, por maioria simples, surgiu após o escrutínio dos europarlamentares (incluindo audições a cada um dos comissários indigitados) e de intensas negociações nas últimas semanas entre os grupos de centro-direita, socialistas e liberais para um acordo político sobre os sete nomes que estavam pendentes de um total de 26, alcançado há uma semana.
Com a validação dos europarlamentares, o executivo comunitário pode entrar em funções já em dezembro.
O Parlamento Europeu também deliberou sobre duas resoluções que se opunham à aprovação da Comissão Europeia, da Esquerda e do Patriotas pela Europa (extrema-direita), mas acabaram chumbadas pelo plenário.
Em 2019, a primeira Comissão de Ursula von der Leyen foi aprovada com 383 votos favoráveis dos eurodeputados, 327 contra e 22 abstenções.
Na intervenção que fez ao início da manhã, Ursula von der Leyen disse que vai continuar a “luta pela liberdade”.
“A nossa luta pela liberdade pode parecer diferente da das gerações passadas, mas o que está em jogo é igualmente elevado e honroso e isso implicará fazer escolhas difíceis, significará investimentos maciços na nossa segurança e na nossa prosperidade e, acima de tudo, significará mantermo-nos unidos e fiéis aos nossos valores, encontrando formas de trabalharmos em conjunto e ultrapassando a fragmentação”, disse a líder do executivo comunitário.
Intervindo perante os eurodeputados na sessão plenária, Ursula von der Leyen recordou o intenso processo de escrutínio parlamentar como a “marca de uma democracia viva” e prometeu trabalhar com “todas as forças democráticas e pró-europeias desta assembleia”.
Ursula von der Leyen foi em julho passado reeleita no cargo de presidente da Comissão Europeia, que desempenhará novamente a partir de 1 de dezembro num segundo mandato de cinco anos.
O seu próximo executivo comunitário é composto por 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% de mulheres e de 60% de homens), uma das quais a comissária indigitada por Portugal e antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que vai ocupar a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos.
Na sua carta de missão dirigida a Maria Luís Albuquerque, a líder do executivo comunitário pediu que a comissária portuguesa use a sua experiência no público (depois de ter sido ministra das Finanças e secretária de Estado do Tesouro) e no privado (após ter passado por empresas como a gestora de fundos europeia Arrow Global e o banco mundial Morgan Stanley) para “desbloquear montante substancial de investimento” na União Europeia.
Num contexto de tensões geopolíticas (devido à guerra da Ucrânia causa pela invasão russa e de conflitos no Médio Oriente), de concorrência face aos Estados Unidos e China e de transição política norte-americana, Von der Leyen quer, nos próximos cinco anos, apostar na competitividade económica comunitária.
Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do PIB, para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.
Só a aposta em defesa, impulsionada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e pelas recentes tensões geopolíticas, vai ter de ser suportada por necessidades de investimento na ordem dos 500 mil milhões de euros na próxima década.