António Costa pede esforço para autonomizar UE em matéria de defesa e segurança
O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, considerou hoje que a paz na Ucrânia “não pode ser a dos cemitérios” e apelou a um esforço para autonomizar a União Europeia (UE) em matéria de defesa e segurança.
“A paz não pode ser a paz dos cemitérios, a paz não pode ser capitulação. A paz não pode recompensar o agressor, a paz na Ucrânia tem de ser justa”, disse António Costa, durante uma cerimónia para assinalar a 'passagem do testemunho' entre Charles Michel e o presidente eleito do Conselho Europeu, em Bruxelas.
Perante a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, António Costa advertiu que apesar de a guerra ser no território ucraniano, “estão em causa dos princípios universais consagrados na Carta das Nações Unidas”.
O presidente eleito do Conselho Europeu, que vai iniciar funções no domingo, 1 de dezembro, por um período de dois anos e meio, acrescentou que é necessário “escrever um novo capítulo da UE enquanto projeto de paz”.
“Tornando-nos mais fortes, mais eficientes, mais resilientes e, sim, mais autónomos em matéria de segurança e defesa. Assumindo um ónus maior no que toca à nossa preparação militar. Reforçando simultaneamente os pilares da nossa parceria transatlântica”, completou António Costa.
No domingo, o antigo primeiro-ministro, António Costa, inicia funções como presidente do Conselho Europeu, a instituição composta pelos chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), que define as orientações e prioridades políticas comunitárias.
É o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.
António Costa, que fez parte do Conselho Europeu em representação de Portugal durante oito anos (período em que foi primeiro-ministro), conhece já alguns dos líderes da UE, mas pretende, no seu mandato de dois anos e meio, encontrar pontos de convergência para compromissos entre os 27 e tornar a instituição mais eficaz.
Antes de iniciar funções, realizou no verão e início do outono um roteiro por 25 capitais europeias para se encontrar presencialmente com os chefes de Governo e de Estado da UE para conhecer melhor as suas perspetivas e prioridades para o próximo ciclo institucional no espaço comunitário. Só não visitou a Bulgária e a Roménia por estarem em períodos eleitorais.
Sucede no cargo ao belga Charles Michel, em funções desde 2019 e que termina o mandato a 30 de novembro de 2024, num período marcado por crises como a saída do Reino Unido da União Europeia, a pandemia de covid-19, a invasão russa da Ucrânia e, mais recentemente, o reacender das tensões no Médio Oriente.