Ministra reconhece que INEM aciona meios para situações que não justificam
A ministra da Saúde reconheceu hoje que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) aciona meios diferenciados para situações que não precisavam e alertou que esses meios poderiam ser rentabilizados.
“Mais de 80% dos meios acionados poderiam ser rentabilizados. Muitas vezes acionamos meios para situações que não precisavam de um nível tão diferenciado de meios”, disse Ana Paula Martins, que hoje está a ser ouvida na Comissão Parlamentar de Saúde sobre o INEM.
A ministra reconheceu aos bombeiros “fundamentação em muitas queixas que colocam” e afirmou: “A articulação tem de ser melhor”.
A propósito das condições em que o INEM opera, apontou a falta de georreferenciação, de uma aplicação que possa ajudar a responder a alguém que fale outra língua, assim como meios tecnológicos que permitam “traduzir a informação recolhida para os hospitais”.
Questionada pelos deputados, insistiu que o INEM não poderá deixar de ter meios próprios de triagem, rejeitou qualquer privatização do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e sublinhou a necessidade de encontrar soluções tecnológicas, com apoio de Inteligência Artificial, para facilitar o trabalho dos técnicos.
Questionada sobre a comissão técnica independente que estudará o funcionamento da emergência médica, anunciada no verão, Ana Paula Martins disse não saber ainda quem a vai coordenar nem o tempo que o trabalho pedido demorará.
Sobre o facto de o plano de emergência da saúde não ter medidas imediatas para a emergência médica, a ministra disse que, quando o plano foi apresentado, no final de maio, o Governo não tinha uma avaliação e diagnóstico da situação do INEM como hoje tem.
“Sabendo o que sei hoje, teria lá mais três ou quatro medidas que fazem parte da refundação do INEM de que tanto se fala”, disse.
Sobre o serviço de socorro, lembrou que “já hoje de externaliza 93% da atividade do INEM” e admitiu a hipótese de passar a ter contratos programa plurianuais com os parceiros (bombeiros, por exemplo).
Questionada sobre o facto de ter chamado a si a responsabilidade da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que está inspecionar a falta de respostas do INEM que alegadamente poderá estar na origem de 11 mortes durante as greves na saúde, a ministra respondeu: “Nada do que eu diga vai convencer quem acha que isto foi para ter controlo sobre as decisões da IGAS”.