Montenegro recusa negociar com bombeiros "sob coação nem instrumentalização política"
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou hoje que o Governo não negoceia com os bombeiros sapadores "sob coação" nem "sob instrumentalização política", apenas o fará dentro da "razoabilidade e respeito pelo Estado de direito".
"Nós estamos interessados em negociar dentro de princípios de razoabilidade e respeito pelo Estado democrático", afirmou o líder do executivo na Assembleia da República, durante o último debate quinzenal deste ano.
Questionado pelo Chega, Luís Montenegro assinalou que já houve "12 reuniões" com estes profissionais e referiu que o Governo não negoceia "sob coação nem sob instrumentalização política".
Durante o debate, o líder do Chega acusou o primeiro-ministro de "arrogância" e considerou que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "já o mandou negociar com os bombeiros".
"Eu acho que é hora de dizer ao país se vai ou não encetar essas negociações e o que vai fazer para que esses homens e mulheres não sejam tratados como criminosos", afirmou André Ventura.
Na semana passada, o Governo foi confrontado com um novo protesto dos bombeiros sapadores - em frente à sede do executivo, no Campus XXI - não comunicado à Câmara Municipal, em que foram lançados petardos e tochas e derrubado um perímetro de segurança policial, e que levou o executivo a suspender as negociações com os sindicatos destes profissionais, ainda sem data para retomarem.
Na terça-feira, a partir de Amesterdão, o Presidente da República afirmou que espera um reatar das conversações entre Governo e representantes dos bombeiros profissionais em 2025 para se rever o respetivo estatuto, que na sua opinião está ultrapassado.
No debate, o líder do Chega e o primeiro-ministro trocaram acusações sobre qual dos partidos está "em conluio com o PS" e quem aprovou mais propostas dos socialistas e com os socialistas nos últimos anos e também nesta legislatura.
André Ventura acusou o PSD de se "ir por nas mãos do PS", nomeadamente no que toca à aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano.
Montenegro disse que o Chega, agora que tem 50 deputados, “tem um acréscimo de responsabilidade” e considerou “um cúmulo” que o partido de André Ventura se tenha “juntado à esquerda para inviabilizar uma medida que nem sequer foi tomada”, o fim gradual da publicidade na RTP.
Na sua intervenção, o presidente do Chega considerou também que tem havido “um aumento brutal da sensação de insegurança” nas maiores cidades do país, devido ao “consumo de droga à luz do dia”, que classificou como uma “verdadeira epidemia”.
O primeiro-ministro reiterou que Portugal é um "país seguro" mas não pode "dormir à sombra da bananeira".
"Temos de continuar a garantir que temos um país seguro", assinalou.