Pescadores da sardinha contra encerramento da pesca sem esgotarem quota
os pescadores estão contra o encerramento este ano da pesca de sardinha sem se ter esgotado o limite anual de capturas atribuído a Portugal e acusam o Ministério da Agricultura e Pescas de não ouvir o setor.
“Não foi concertado com o setor, estávamos neste momento a pescar em algumas zonas do país só sardinha, que tem sido extremamente valorizada e encaminhada para o abastecimento da indústria conserveira portuguesa, portanto não havia necessidade nenhuma de ter parado antes de se esgotar a quota e as possibilidades de manter a frota portuguesa em atividade”, afirmou à agência Lusa Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações da Pesca (ANOP) do Cerco (sediada em Peniche), que representa o setor.
O dirigente explicou que o limite anual de capturas atribuído a Portugal em 2024 terá esgotado, mas ainda restavam 2.700 toneladas de 2023, ano em que os pescadores não esgotaram a quota.
Questionado pela Lusa, o Ministério da Agricultura e Pescas esclareceu por escrito que, em 24 de setembro, em reunião com a Comissão de Acompanhamento da Sardinha, “o setor foi auscultado e informado da previsão de encerramento da pesca da sardinha em 30 de novembro”, conforme parecer científico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera para a necessidade de paragem nessa altura por motivos de ciclo biológico da espécie”.
Segundo a tutela, “prevendo-se que o limite global de capturas decididos por Portugal e Espanha no quadro da gestão partilhada da sardinha fosse atingido no curto prazo e considerando adequado proteger o recurso durante a principal época da reprodução, no dia 26 de novembro foi feita consulta escrita à Comissão de Acompanhamento da Sardinha, via Direção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), com proposta de fecho de pescaria dirigida no dia 30 de novembro”.
“Ouvida a Comissão de Acompanhamento da Sardinha, e atendendo à pequena margem de quota ainda existente, a tutela decidiu autorizar a captura de sardinha até ao dia 04 de dezembro”, tendo entretanto emitido despacho a determinar o encerramento da pesca após essa data.
A Associação Nacional das Organizações da Pesca Cerco disse não só desconhecer o parecer do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, como, nas reuniões da comissão, se opôs ao encerramento.