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Presidentes de UF de Pombal falam em “retrocesso” e “vontade popular”

Na UF de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, o autarca diz que a desagregação significa um “retrocesso”. Já na UF da Guia, Ilha e Mata Mourisca o presidente afirmou que esta desagregação “vai fazer juz àquilo que a população pediu”

No concelho de Pombal, a recente decisão de desagregar a União de Freguesias de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze foi criticada pelo presidente da UF Manuel Matos, que considera a medida um “retrocesso na gestão do interesse das populações”.
Ao Diário de Leiria, o autarca explicou que, do seu ponto de vista, a desagregação traz desafios sociais e económicos significativos, dificultando a resposta às necessidades da comunidade.
“Para nós, particularmente, e depois deste tempo todo, significa o retrocesso na gestão do interesse das populações. As respostas sociais e económicas são mais eficazes com um território maior e com mais agentes do que com um território menor. Isto faria algum sentido, ou pelo menos não deixaria um sentimento de retrocesso tão grande, se tivesse sido feito logo a seguir aos primeiros quatro anos [depois da agregação das freguesias]”, afirmou Manuel Matos.

Segundo o autarca, a agregação inicial das freguesias foi feita “fora do contexto e fora do tempo”, mas ao longo dos cerca de 12 anos de união, as dinâmicas de gestão foram sendo ajustadas com projetos e investimentos distribuídos pelos diversos aglomerados. Agora, com a desagregação, o presidente, daquela UF do concelho de Pombal, teme que as comunidades enfrentem dificuldades adicionais.
“É óbvio que as respostas sociais vão ser mais difíceis. O município [de Pombal], de quem nós dependemos muito, vai ter mais dificuldade em dar as mesmas respostas entre os territórios. Economicamente numa freguesia com 1.200 ou 1.500 eleitores, sem a potência industrial necessária, não faz sentido criar uma zona industrial em cada território. Algumas vão ficar com alguns setores que permitem alavancar o seu território, enquanto outras não terão as mesmas condições”, explicou o autarca.
Manuel Matos destacou também, que ao contrário do que ocorreu aquando da agregação, em que existiram manifestações e protestos, a desagregação não tem gerado grandes demonstrações de entusiasmo por parte da população.
“Agora, com a desagregação, não vejo manifestações nenhumas por parte da população, de regozijo, de contentamento. Não vejo nada”, mencionou.
Para o autarca, o processo deveria ter sido feito de forma “mais ponderada” e num período mais adequado. “A fazer era quatro anos depois [da agregação inicial]. Agora, 12 anos depois, parece um divórcio após um casamento de 12 anos. É óbvio que as coisas têm tudo para correr mal”, referiu.
Sobre o impacto político e administrativo, o presidente da UF revelou que a transição já está em curso, com uma “comissão de instalação” a ser formada para acompanhar a “partilha de bens e responsabilidades” entre as novas juntas.
“Penso que em fevereiro de 2025 essa comissão já estará instalada. Vamos ver como é que isto acaba, se acaba em tribunal se não acaba, como é que vai acontecer”, declarou.
“Estamos a aceitar uma coisa, que agora é que vai ser regulamentada e que a regulamentação que vier pode prejudicar muito as populações que estavam a pensar tirar alguma vantagem desta desagregação. Eu acho que isto tem tudo para correr mal”, concluiu.
Por seu lado Gonçalo Ramos, presidente da UF de Guia, Ilha e Mata Mourisca, afirmou que esta desagregação “vai fazer jus àquilo que a população pediu”.
“Cumpre-se a vontade das pessoas que é o prioritário. Estou a defender este projeto de união de freguesia há sete anos e meio e conheço a capacidade que esta UF tem. Para mim, a freguesia junta tem outro poder e outra capacidade. Mas fez-se a vontade daquela que foi a manifestação dos populares”, esclareceu.
A desagregação “já está em vigor”, e as autárquicas de outubro de 2025 serão disputadas por listas independentes para cada uma das freguesias, que retomam agora a sua autonomia. Resta saber como a transição será gerida e quais serão os impactos para as populações envolvidas.

Dezembro 20, 2024 . 13:15

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