Última Hora
Pub

Governo diz que "há serviços de fiscalização" para avaliar operação no Martim Moniz 

Castro Almeida afirmou que “o Governo está muito seguro da importância que as pessoas dão à segurança e o que o Governo quer é garantir a segurança dos cidadãos”

O ministro-adjunto e da Coesão Territorial disse hoje, no Porto, que se houve exageros na operação policial, realizada no Martim Moniz, em Lisboa, “há serviços de fiscalização próprios” para fazer essa análise e agir em conformidade.

Questionado sobre a carta aberta ao primeiro-ministro, assinada por 21 personalidades da área da política e da justiça que acusam o Governo de "ataque ao Estado social e de direito" com a operação policial da semana passada, Castro Almeida disse que também “a Assembleia da República pode sempre chamar quem quiser para avaliar” a atuação das forças de segurança.

Eu não sou um especialista de segurança para saber se houve exageros ou não. Às vezes há ondas, há modas e nós temos de ter um caminho certo e um rumo certo. O Governo tem um programa para cumprir e o programa fala expressamente que é preciso reforçar a segurança do país e é isso que nós temos de fazer. Agora deve ser feito na medida certa, deve ser feito com proporcionalidade”, considerou o ministro, que falava à margem da cerimónia de assinatura de contratos com oito municípios do Norte no âmbito do concurso “Programa de Recuperação/Reabilitação de Escolas – Modernização dos estabelecimentos públicos de ensino do 2º e 3º ciclos e secundário”, que decorreu na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR).

Salientou, contudo, que “quem define os meios e as regras” são as forças de segurança, “não é o Governo que decide se vão 30 ou 40 polícias para uma missão”.

Não imagina que é o Governo que decide se levam balas reais ou balas de borracha e qual é a técnica apropriada para lidar com criminosos ou com potenciais criminosos. Isso é uma tarefa que compete às forças de segurança e elas devem agir como profissionalismo no exercício da sua função. O papel do Governo é criar as condições às forças de segurança para que elas sejam profissionais”, sustentou.

Castro Almeida disse ainda não ter tido oportunidade de ler a carta aberta, mas afirmou que “o Governo está muito seguro da importância que as pessoas dão à segurança e o que o Governo quer é garantir a segurança dos cidadãos”.

Essa é uma obrigação inalienável do Governo. As regras com que o faz competem aos profissionais das forças de segurança”, frisou.

Os subscritores da carta divulgada no domingo pelo jornal Público consideram urgente alertar Luís Montenegro para a "circunstância intolerável de, 50 anos depois do Abril", que trouxe o Estado social e de direito, o Governo "ter dado esta semana sinais inequívocos de não compreender o sentido profundo de 'Estado social' nem de 'Estado de direito', atingindo no coração e no osso o projeto social do povo português inscrito na Constituição desde a conquista da democracia".

"É importante não silenciar estas ações, porque são inaceitáveis num Estado de direito", disse, no domingo, à Lusa Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares do anterior Governo, com a tutela das migrações, e atual eurodeputada do PS, promotora da carta juntamente a deputada socialista Cláudia Santos, que é vice-presidente da comissão de Assuntos Constitucionais.

A carta é assinada por 21 personalidades, a maioria da área política da esquerda, como o ex-presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva, a antiga ministra da Administração Interna do Governo PS Constança Urbano de Sousa, a ex-secretária de Estado da mesma tutela Isabel Oneto, e os líderes parlamentares do PS, Alexandra Leitão, e do BE, Fabian Figueiredo.

O antigo presidente do Tribunal Constitucional Joaquim Sousa Ribeiro, a juíza Maria João Antunes e o constitucionalista Jorge Reis Novais subscrevem a carta aberta, tal como o coordenador científico do Observatório da Emigração Rui Pena Pires, a antiga ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, o advogado e professor universitário João Miranda e o músico e ativista Dino d'Santiago.

"Há um momento simbólico em que o ataque deste Governo ao Estado social e de direito é exposto ao sol em toda a sua crueza, esse momento que uma imagem inscreveu na nossa memória coletiva, o retrato das pessoas perfiladas pelo Estado contra a parede enquanto no Parlamento de Portugal se debatia e aprovava, com os votos da Aliança Democrática e do Chega, a primeira exceção à universalidade do direito fundamental à saúde", referem.

Os líderes do PAN, Inês de Sousa Real, do Livre, Rui Tavares, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, e a eurodeputada Catarina Martins (BE) assinam a carta, bem como os ex-deputados António Topa Gomes, do PSD, Manuel Loff, do PCP, e José Leitão, do PS.

Os subscritores defendem que "ações policiais desproporcionais violam a lei" e a Constituição, e consideram que a imagem de pessoas "perfiladas por dezenas de polícias contra a parede" em função do critério da "sua origem, o da diversidade da sua cultura ou o da cor da sua pele" lembra "tempos que julgávamos enterrados".

Dezembro 23, 2024 . 15:17

Partilhe este artigo:

Junte-se à conversa
0

Espere! Antes de ir, junte-se à nossa newsletter.

Comentários

Seguir
Receba notificações sobre
0 Comentários
Feedbacks Embutidos
Ver todos os comentários
Fundador: Adriano Lucas (1883-1950)
Diretor "In Memoriam": Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: Adriano Callé Lucas
94 anos de história
bubblecrossmenuarrow-right