Ventura acusa Montenegro de viver num país diferente de “99% dos portugueses”
O presidente do Chega acusou hoje o primeiro-ministro de “não viver nem ver o país como 99% dos portugueses o veem ou vivem”, em especial na área da segurança, mas também em matérias como impostos, pensões ou saúde.
Numa reação à mensagem de Natal de Luís Montenegro, André Ventura contestou a afirmação do primeiro-ministro de que Portugal é “um dos países mais seguros do mundo”, antevendo que os dados relativos ao próximo ano poderão vir a demonstrar esta posição.
“Ninguém ou quase ninguém em Portugal consegue ver esse país, consegue pensar que acorda num país seguro ou se deita num pais seguro”, afirmou.
Para o próximo ano, o líder do Chega deixou um voto que disse ser sincero: “A esperança que o Governo venha com um espírito novo para resolver problemas que se mantêm ou se agravaram no último ano”.
“No próximo ano – em que não sabemos se o Governo durará ou não, se o Orçamento será ou não aprovado -, mas podemos exigir um espírito novo e diferente do que se viu nesta mensagem Natal para que os portugueses tenham a mudança pela qual votaram”, apelou.
Ventura sublinhou que, com as eleições de 10 de março, Portugal teve “um Governo novo e uma maioria nova”, mas considerou que o espírito do executivo PSD/CDS-PP “parece ser o mesmo de António Costa”.
Em matéria de segurança, André Ventura defendeu que “o país todo” a sente nas ruas” e não “apenas pequenas bolhas”, como no passado.
“Queria que uma mensagem de Natal de um primeiro-ministro fosse de tranquilidade, de esperança e de garantia de que estará ao lado das forças de segurança contra os criminosos, que estará ao lado das forças de segurança contra aqueles que querem desprestigiar e destruir a polícia”, disse, contrapondo que Montenegro apenas fez ”um discurso redondo” que poderia ter sido feito pelo seu antecessor socialista.
Questionado pelos jornalistas em que dados se baseia para contestar a afirmação de que Portugal é um dos países mais seguros do mundo e se não é o líder do Chega que vê um país diferente, André Ventura invocou os desacatos na Grande Lisboa em outubro, as preocupações transmitidas pelos principais autarcas e alguns números que já apontam para o aumento da criminalidade grave e organizada.
“No próximo ano, tenho praticamente a certeza que nós vamos ter um aumento bastante acentuado de alguns tipos de crimes, sobretudo relacionados com violência urbana, crimes tráfico de droga e, infelizmente, com violência doméstica”, disse.
O líder do Chega disse estar “farto de ter razão antes de tempo” e defendeu que, em vez de “andar permanentemente a correr atrás do prejuízo”, o primeiro-ministro deveria ter admitido que Portugal está a piorar nos índices de segurança e criminalidade.
Ventura criticou igualmente Montenegro por ter destacado que o OE2025 não aumentou nenhum imposto, considerando que o Governo continua a penalizar pela via fiscal “quem trabalha” para “financiar a despesa e o tamanho do Estado” e distribuir por áreas “muitas delas a gente que não faz nada”.
“A lógica deste Governo foi a mesma que a lógica do Partido Socialista”, acusou.
Nas pensões, recordou que só uma coligação da oposição contra a vontade do Governo permitiu um aumento superior ao previsto na lei, acusando Montenegro de “cúmulo da hipocrisia”.
Ventura lamentou ainda não ter ouvido na mensagem de Natal do primeiro-ministro qualquer assumir de responsabilidade na área da saúde, que considerou não ter melhorado em relação ao anterior Governo PS e até estar pior em algumas áreas.
Já sobre a afirmação de Montenegro de que Portugal é um referencial de estabilidade, o líder do Chega acusou o Governo de ter, no último ano, “andado à procura de uma crise a todo o momento”.
“Procurou, por mera vantagem eleitoral, que se conseguisse provocar a destituição ou a queda do Governo, ou a não aprovação orçamental, para se vitimizar. Um Governo que tem um primeiro-ministro que acaba de ver na Madeira cair outro Governo e mesmo assim se recusa a tirar o apoio ao líder desse Governo regional, indiciado por crimes de corrupção, mostra bem como Luís Montenegro não vê o país como 99% dos portugueses o veem”, criticou.