Escultor algarvio reproduz palácio histórico em gelo para festival em Amesterdão
Um trabalho de oito horas diárias, durante 11 dias, permitiu ao artista algarvio Rodrigo Ferreira recriar um palácio histórico de Amesterdão para exibir num festival de gelo que decorre até março naquela cidade, disse à Lusa o artista.
A reprodução em gelo do Palácio de Cristal (Paleis voor Volksvlijt), um edifício histórico que foi destruído num incêndio em 1929, é uma das obras que integram o “Art Below Zero”, uma das principais exposições de escultura em gelo da Europa, que pode ser vista até 2 de março de 2025, em Amesterdão, nos Países Baixos.
O tema do festival é o 750.º aniversário da cidade de Amesterdão e a participação do artista português surgiu através de um convite da direção artística do evento, que lhe deu a possibilidade de regressar ao circuito internacional, após dedicar sete de 10 anos passados em Londres à sua formação académica.
“Nestes grandes eventos, que envolvem muita gente e uma logística gigante, existe sempre uma equipa artística, que convida, tendo conhecimento da experiência de cada escultor. É assim que surge o convite e me é delegada a escultura em causa, do Palácio da Indústria, um palácio lindíssimo que foi destruído em 1929, por um incêndio”, explicou o artista.
Rodrigo Ferreira disse já ter encontrado alguma pesquisa feita pela equipa artística do festival, mas depois aprofundou a preparação à chegada, tendo sido necessários “11 dias de trabalho intensivo, de oito horas por dia, para executar essa escultura arquitetónica”.
“São 10 metros de largura, por seis de altura e dois de profundidade, à volta de seis toneladas de gelo trabalhadas”, dimensionou, esclarecendo que todo a composição é feita com vários blocos, moldados com ajuda de motosserras de lâminas várias e cinzéis tão afiados que “cortam só de encostar o dedo”.
O escultor confessou estar “muito satisfeito” com o resultado final, que foi reconhecido pela direção artística e ainda lhe permitiu depois “executar uma Taça [dos Campeões Europeus] da UEFA ganha pelo Ajax”, clube da cidade neerlandesa.
“Como o tema do evento são os 750 anos de aniversário da cidade de Amesterdão, o Ajax é um emblema da cidade, assim como a Taça que ganhou três anos consecutivos, de 1971 a 1973, e depois novamente em 1995”, justificou, destacando que esta peça foi feita a partir de um único bloco e mede 1,20 metros de altura, 68 centímetros de largura e 48 centímetros de comprimento.
O artista salientou que as asas da taça, um dos pormenores de destaque do referido troféu, deveriam ter sido feitas à parte e coladas no final, mas Rodrigo Ferreira optou por “executá-las a partir do bloco”, o que complica o trabalho por se tratar de um “detalhe muito frágil”.
Com um percurso artístico de mais de 20 anos, iniciado nas esculturas de areia e que já o levou a cerca de 170 eventos internacionais, Rodrigo Ferreira expõe agora um trabalho seu entre as 135 obras de 43 escultores que podem ser vistas no festival em Amesterdão, até 2 de março de 2025.