“As pessoas sentem que pagam cada vez mais pelos hortícolas, mas esse aumento não chega ao produtor”
Produtor há 20 anos, Fábio Franco gere 50 hectares da sociedade agrícola Vale do Lis de hortícolas como alface, abóbora e milho, e defende que os produtores deveriam ser mais bem renumerados “para fazer face aos aumentos dos custos de produção”.
“As pessoas sentem que pagam cada vez mais pelos hortícolas e pelos legumes que compram. Mas esse aumento não chega ao produtor. Estamos a falar de produtos que, se calhar, há 15 anos a esta parte, mantêm o preço e não tem sido alterados”, sublinhou o também produtor da Campotec.
Quando questionado sobre o que perspetiva para 2025, o produtor não hesitou na resposta. “É mais um desafio, porque todos os custos aumentaram, basta termos a atualização de preços por via da inflação. Eu nem as alfaces que produzo consigo aumentar, porque a grande distribuição e algumas cooperativas também esmagam o preço que é pago ao produtor e esses aumentos as pessoas sentem-nos, mas o produtor não”, esclarece Fábio Franco, que lamenta o facto de serem os compradores e “a grande distribuição” a definirem os valores.
“O preço não é feito de baixo para cima, mas é feito de cima para baixo. Nós trabalhamos dessa forma, mas é o sistema que nós temos implementado e é muito difícil lutar contra isso”, lamentou.
Para lidar com os desafios, os produtores do Vale do Lis têm “tentado inovar de forma a tornar” a produção mais eficiente, substituindo “alguma mão de obra por maquinaria”. “Tentamos ser mais eficientes. No caso da rega para poupar energia, instalámos painéis fotovoltaicos e também sondas de humidades no solo para perceber quando é que realmente há necessidade de regar”, explicou Fábio Franco.