A caminho da ingovernabilidade
Tenho a sina de ser crítico dos governos, sejam esses governos de esquerda ou de centro-direita, o que é estranho num país tão dividido como o nosso em que os portugueses se dividem para a vida entre os diferentes partidos, da mesma forma que se dividem na defesa das diversas cores futebolísticas. É sina minha, que resulta de concordar ou discordar em função do que considero serem as boas ou as más soluções, com a nota de que o faço apenas em consideração da validade futura das propostas dos governos e não por considerações imediatistas ou por preferências partidárias.
Esta reflexão resulta do “escândalo” que por aí vai devido à recente rusga policial realizada no Martim Moniz em Lisboa, tema tratado com a veemência e a paixão de uma grande tragédia shakespeariana de amor/ódio. Quando afinal se trata apenas do facto do partido Socialista estar a gerir a derrota eleitoral com uma deriva de esquerdismo militante e a AD ter chegado ao governo como o cordeiro inocente pronto para ser degolado.
A AD parece não conhecer a bem oleada máquina mediática do PS e colocaram-se a jeito para a matança. Porque, como seria previsível, o PS, com a preciosa colaboração do Bloco, PCP e Livre, não está em fase de bondade natalícia e usou todos os recursos para atacar, a que nem sequer faltou uma manifestação e o tradicional abaixo-assinado de algumas almas sensíveis da política portuguesa. Valeu tudo e todo o chumbo disponível foi usado: insensibilidade social, racismo, xenofobia, incompetência, exibicionismo, ilegalidade e a crise do estado de direito. Foi usado tudo e o seu contrário por razões partidárias e não porque alguém tenha matutado sobre o que é bom para o País.
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