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Cidade chinesa investiga denúncias de tráfico de bebés por funcionária hospitalar

Empregada de limpeza de um hospital no noroeste da China é acusada de organizar a venda de recém-nascidos, com a colaboração de um médico

A empregada de limpeza de um hospital de Datong, no noroeste da China, é acusada de organizar a venda de recém-nascidos, com a colaboração de um médico, informou hoje a imprensa estatal.

As autoridades de Datong abriram uma investigação e prometeram “lidar seriamente com quaisquer questões ilegais ou disciplinares”, informou a televisão estatal CCTV.

O caso foi inicialmente denunciado à polícia por um defensor da luta contra o tráfico de seres humanos, conhecido pelo nome de Shangguan Zhengyi. Numa publicação nas redes sociais, o denunciante disse que recebeu informações sobre uma empregada de limpeza do Hospital Popular N.º 1 de Datong que estava a arranjar compradores para bebés.

O departamento de obstetrícia do hospital é o maior da província de Shanxi, com seis enfermarias e 207 camas, de acordo com o portal oficial da entidade hospitalar. No ano passado, realizou 12.700 partos - cerca de 40% dos partos em Datong.

Shangguan foi à paisana falar com a empregada de limpeza, de apelido Wang.

A mulher enviou-lhe uma mensagem a 5 de novembro a dizer que a parente de uma amiga estava prestes a dar à luz um rapaz e que venderia o bebé por um mínimo de 85.000 yuan (11.270 euros). Também perguntou a Shangguan se gostaria de conhecer a família.

Poucos dias depois, o ativista viajou para Datong e conheceu Wang, para conquistar a sua confiança, explicou nas redes sociais. A funcionária disse que trabalhou no hospital durante vários anos e que arranjou compradores para pessoas que não queriam manter os seus filhos, lê-se na mesma publicação.

No início de dezembro, Wang disse a Shangguan que foi despedida devido ao envolvimento na venda de recém-nascidos. Wang pediu a Shangguan que não a voltasse a contactar.

Em 27 de dezembro, Shangguan denunciou o caso à polícia de Datong.

Segundo o jornal oficial Global Times, em maio de 2022, o bebé de uma rapariga de 15 anos foi vendido a um casal. A rapariga usou a identidade do comprador para o processo de admissão no hospital. Um médico terá colaborado na venda do recém-nascido e falsificação de documentos.

Num outro caso citado pela revista chinesa South Reviews, Wang organizou a venda de uma menina que nasceu no hospital a 17 de dezembro. A mãe queria 75.000 yuan (10.000 euros) pelo bebé e Wang cobrou ao comprador 105.000 yuan (14 mil euros).

De acordo com a lei penal chinesa, quem trafica e vende mulheres ou crianças pode ser condenado a mais de cinco anos de prisão, ou a prisão perpétua ou morte em circunstâncias graves. Aqueles que compram mulheres ou crianças podem ser condenados a uma pena de prisão até três anos.

Shangguan registou vários casos de tráfico de mulheres e crianças nos últimos anos.

Em 2023, depois de o denunciante ter informado a polícia e a imprensa, três antigos funcionários do setor da saúde foram condenados a penas de prisão pelo seu papel num caso de roubo de cerca de 5.000 certidões de nascimento na província de Henan.

De acordo com Shangguan, as certidões de nascimento foram vendidas noutras províncias, o que permitiu às pessoas obterem documentos de registo de residência, para crianças de origem desconhecida.

Na China, o registo de residência é fundamental para obter acesso a serviços públicos com base no local de nascimento e é essencial para que as crianças sejam vacinadas, frequentem a escola ou recebam apoios sociais.

Janeiro 2, 2025 . 12:29

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