Alemanha e França criticam pretensão de Trump de anexar a Gronelândia
Os governos alemão e francês criticaram hoje a pretensão do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de adquirir ou tomar pela força o território dinamarquês da Gronelândia.
“As fronteiras não podem ser movidas pela força”, avisou hoje o Governo alemão, quando questionado sobre os planos de expansão de Donald Trump visando em particular a Gronelândia, um território autónomo da Dinamarca.
Para o porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, os Estados Unidos devem aplicar os princípios das Nações Unidas, de preservação das fronteiras das nações.
Também a porta-voz do Governo francês, Sophie Primas, denunciou que, por detrás das palavras de Donald Trump sobre o seu interesse na Gronelândia, existe “uma forma de imperialismo”.
Primas defendeu que os europeus devem deixar de ser ingénuos e proteger-se contra a afirmação dos grandes blocos mundiais.
Na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros francês, Primas considerou “extremamente sensível” a questão aberta pelas declarações do próximo Presidente dos Estados Unidos.
“Existe uma forma de imperialismo que se materializa de forma concreta tanto com declarações como a de Trump sobre a anexação de territórios inteiros como também digitalmente pela força de certos operadores globais, sejam americanos, chineses ou de outro lugar”, comentou a porta-voz do Governo francês.
Primas insistiu que “mais do que nunca” a Europa deve “abandonar uma forma de ingenuidade” e “investir na defesa, na atividade digital ou no espaço para se proteger”, bem como para "garantir a força da Europa".
Primas falava pouco depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noel Barrot, ter dito estar convencido de que os Estados Unidos não vão invadir a Gronelândia, embora tenha salientado a necessidade de a União Europeia (UE) estar atenta a pretensões expansionistas de Trump.
Na segunda-feira, o Presidente eleito dos EUA admitiu que não excluía a possibilidade de recorrer à força militar ou à coerção económica para assumir o controlo da Gronelândia, rica em minerais e onde fica situada uma grande base militar dos Estados Unidos (EUA), sublinhando que a região é necessária “para a segurança nacional” norte-americana.
Já em dezembro, Trump tinha renovado os apelos que fizera durante o seu primeiro mandato para comprar a Gronelândia à Dinamarca, cujo “controlo” descreveu como “uma necessidade absoluta”.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, já respondeu a estas palavras e esta semana defendeu que “a Gronelândia pertence aos gronelandeses”, rejeitando qualquer possibilidade de dispensar este território.