Portugal enviou mais dois pequenos satélites para o espaço
Portugal enviou hoje, às 19:09, mais dois pequenos satélites para o espaço, um da Universidade do Minho (UMinho) e outro da empresa LusoSpace, que seguiram a bordo do foguetão Falcon 9, da companhia norte-americana SpaceX.
A descolagem do foguetão, às 19:09 de Lisboa, ocorreu da base espacial de Vandenberg, na Califórnia, nos Estados Unidos, com 11 minutos de atraso sobre a hora prevista e pôde ser acompanhada em direto a partir do Campus de Guimarães da UMinho.
O PoSAT-2, da LusoSpace, e o Prometheus-1, da UMinho, são o quarto e o quinto satélites portugueses a serem enviados para o espaço, depois dos nanossatélites ISTSat-1 e Aeros MH-1, em 2024, e do microssatélite PoSAT-1, em 1993.
O Prometheus-1 tem fins pedagógicos e é segundo nanossatélite a ser construído por uma instituição universitária portuguesa, depois do ISTSat-1, pelo Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa.
O PoSAT-2 é o primeiro de uma constelação de 12 microssatélites para monitorização do tráfego marítimo e foi totalmente construído nas instalações da LusoSpace, em Lisboa.
Durante a transmissão feita pela UMinho, o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, enalteceu, numa intervenção à distância, o papel da universidade, onde é docente, na "linha da frente" do setor espacial, que "ganhou uma relevância muito grande na Europa".
"É muito importante que Portugal participe neste desafio europeu", assinalou.
O PoSAT-2, que custou cerca de um milhão de euros, vai permitir receber dados sobre a localização de navios e ter um novo sistema de comunicação que possibilitará que, no meio do oceano, as embarcações possam, nomeadamente, receber alertas de mau tempo ou de possíveis ameaças de piratas e enviar mensagens de socorro.
O satélite ficará posicionado a pouco mais de 500 quilómetros de altitude da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a "casa" e laboratório dos astronautas.
Os primeiros contactos do satélite com a Terra são esperados em abril.
Os restantes 11 microssatélites da constelação serão construídos em 2025, com alguns deles a serem lançados no final do ano e outros no início de 2026, de acordo com a LusoSpace, que quis com a escolha da designação PoSAT-2 prestar "um tributo" ao PoSAT-1, o primeiro satélite português enviado para o espaço, em 1993, que continua em órbita mas inativo.
A constelação de microssatélites da LusoSpace, que envolve o contributo de outras empresas do setor, tem um custo total de 15 milhões de euros, comparticipado em 10 milhões pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O Prometheus-1 foi concebido como uma "ferramenta de ensino" para alunos de engenharia aeroespacial, eletrotécnica ou de telecomunicações, que poderão "fazer atividades de comando e controlo" ou "trabalhar com réplicas".
O minúsculo satélite, que se assemelha no tamanho a um cubo de Rubik (conhecido como 'cubo mágico'), vai ficar posicionado a cerca de 500 quilómetros de altitude da Terra e teve a parceria científica da Universidade de Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, e do IST.
Em 04 de março de 2024, o mesmo foguetão da SpaceX enviou para a órbita terrestre o nanossatélite Aeros MH-1, de um consórcio de empresas e instituições académicas, para observação do oceano Atlântico.
Quatro meses depois, em 9 de julho, o novo foguetão europeu Ariane 6 colocou no espaço o ISTSat-1, construído por alunos e professores do Técnico para testar um novo descodificador de mensagens enviadas por aviões, que permitirá a sua deteção em zonas remotas e aferir a viabilidade do uso de nanossatélites na receção de sinais sobre o estado de aeronaves, como velocidade e altitude, para efeitos de segurança aérea.