Marinha Grande aposta na captação de novos públicos e no reforço da comunidade cultural
Mário Laginha, Linda Martini, Aníbal Zola, Tonan Quito ou Ricardo Correia são algumas propostas da programação cultural para o primeiro quadrimestre de 2025 na Marinha Grande, que aposta na captação de públicos e na criação de uma comunidade criativa.
Apoiada pela Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP), a programação é desenvolvida a partir do Teatro Stephens e, mais do que nomes mediáticos, pretende apresentar “propostas com e para todos, juntando fruição e capacitação”, explicou o diretor artístico, Carlos Veríssimo.
“É um projeto um bocado diferente”, assumiu o responsável na apresentação da nova agenda à vereação da Marinha Grande, porque o objetivo é “criar uma comunidade artística e cultural, ou reforçá-la, junto da comunidade marinhense”, ao mesmo tempo de que se ambiciona conquistar a população para a cultura.
Por isso, “60% a 80% da programação é fora dos espetáculos do fim de semana”, quantificou Carlos Veríssimo, sendo a maioria da programação constituída por “ações que se fazem em escolas, com instituições, com comunidades, associações e artistas locais”.
“É o lado menos visível, mas é realmente o trabalho subterrâneo que ainda temos de fazer para alavancar e criar mais massa crítica, ter mais pessoas ligadas ao projeto; e criar mais públicos, ir buscar pessoas que ainda não são público, porque não fazem consumo cultural recorrente”, justificou Carlos Veríssimo.
Daí resulta “uma programação muito eclética”, com propostas que têm como foco principal “as famílias, a programação educativa, as atividades de mediação, formação e capacitação, a produção de pensamento, as residências artísticas e coproduções”.
Na Marinha Grande, concelho do distrito de Leiria, a cultura é também encarada como contributo para “melhoramento de vários setores, quer na área social, educativa e até do marketing territorial”, procurando ajudar à “retenção da população, retenção de talentos”, tornando “mais atrativo viver aqui através da agenda” cultural.
Em 2024, primeiro ano do projeto apoiado pela RTCP, a programação chegou a cerca de oito mil pessoas, avançou o diretor artístico, entre professores, famílias, utentes, cuidadores, comunidade artística, associações e agentes culturais.
A agenda da Marinha Grande para os primeiros quatros meses do ano integra concertos de Linda Martini já no sábado, Mário Laginha no dia 08 de março, Aníbal Zola a 11 de março, a peça “Coro dos amantes”, de Tiago Rodrigues, por Tonan Quito, a 15 de março, ou a peça “Cartas da guerra”, de Ricardo Correia, a 30 de abril.
Carlos Veríssimo destacou, contudo, propostas mais alternativas, como “Comer a terra”, que o Teatro da Didascália leva à Marinha Grande a 05 de abril, “um espetáculo-refeição que fala do privilégio de alguns, que podem escolher o que comer”.
Também “Do mar e do vidro 2.0”, preparado por Filipa Francisco e a comunidade e com estreia agendada para 12 de abril, será um dos destaques, abordando o crescimento da Marinha Grande através da indústria do vidro.
A fechar o quadrimestre, Ricardo Correia leva à Marinha Grande “Cartas da Guerra 61-74”, sobre a participação do próprio pai na guerra colonial, “um espetáculo em que se quer envolver os antigos combatentes”, salientou Carlos Veríssimo.
Até ao fim do ano, vão ainda passar pela Marinha Grande a atriz Diana Nicolau, os músicos B Fachada, Bruno Pernadas e Raquel Tavares ou a coreógrafa Nadine Gerspacher, entre outros.