Município de Peniche pede empréstimos de 3,6 ME para museu municipal e muralha

A Câmara de Peniche decidiu hoje pedir dois empréstimos bancários, no montante global de 3,6 milhões de euros, para adquirir instalações para o novo museu municipal e concluir a requalificação do Fosso das Muralhas.

O executivo municipal aprovou, com cinco votos a favor (independentes, PS e CDU) e duas abstenções (PSD), pedir um empréstimo de 2,1 milhões de euros a 20 anos para adquirir um imóvel na estrada Marginal Norte e aí instalar o futuro Museu do Mar de Peniche, segundo a proposta a que a agência Lusa teve acesso.

Um novo museu é uma das prioridades do orçamento municipal para 2025, estando inscrita uma verba de três milhões de euros.

O projeto visa criar um espaço “interativo e educativo”, projetado para cativar visitantes de todas as idades, com um foco especial nos jovens através de experiências que os levem a conhecer a relação de Peniche com o mar no passado, presente e futuro, refere a proposta.

O Museu do Mar de Peniche vai propor uma “abordagem inovadora”, conectando o passado marítimo da cidade com as oportunidades futuras da economia azul”, explorando a importância do mar na história, cultura e economia de Peniche, ao mesmo tempo que destaca as novas tecnologias e profissões emergentes no setor marítimo.

Apesar do foco na inovação e nas novas tecnologias, o Museu do Mar de Peniche deverá preservar e valorizar o saber tradicional associado às atividades marítimas, dando a conhecer documentação e técnicas tradicionais de pesca, construção naval e navegação.

Peniche tem a sua história enraizada no mar, com séculos de tradição na pesca e na indústria pesqueira, um legado que moldou a economia da cidade, mas também a sua identidade cultural.

A pesca artesanal, a construção naval e a indústria conserveira foram pilares fundamentais no seu desenvolvimento, não só garantindo o sustento da população, mas também proporcionando investigação e conhecimento sobre o mar e os seus recursos.

Em dezembro, aquando da discussão do orçamento para 2025, o presidente da autarquia, Henrique Bertino, explicou que pretende concentrar num mesmo espaço exposições locais dispersas ligadas à história do concelho, às rendas de bilros, ao naufrágio do navio San Pedro de Alcântara, à arqueologia e geologia e à história da pesca e das conservas.

O museu municipal, que funcionava na Fortaleza de Peniche, encerrou aí aquando do fecho do monumento para obras em 2017 e consequente reabertura em 2024 do Museu Nacional da Resistência e Liberdade aí instalado.

Desde 2017 que o espólio patente no antigo museu municipal se encontra armazenado e acondicionado em instalações municipais.

Há ainda espólio relacionado com o naufrágio do navio San Pedro de Alcântara ou com património natural ligado à geologia e à arqueologia guardado sem ter sido exposto por falta de espaço.

A câmara municipal justificou a aquisição do imóvel, onde funcionou uma unidade de transformação e comercialização de pescado entretanto entregue ao banco, dada a “vista de mar privilegiada” e ser “adequado à instalação de um grande museu”.

O executivo municipal aprovou também contrair um empréstimo de 1,5 milhões de euros a 20 anos para a segunda fase da requalificação das muralhas da cidade, também prevista no orçamento para 2025.

O município justificou a necessidade do empréstimo para assegurar a verba nacional da empreitada que deverá vir a ter financiamento comunitário.