Ministra da Saúde vai reunir-se com administração do Amadora-Sintra quarta-feira
A ministra da Saúde vai reunir-se na quarta-feira com o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra, depois de na segunda-feira à noite a Ordem dos Médicos ter pedido intervenção da tutela.
“Temos amanhã [quarta-feira] uma reunião marcada com o conselho de administração do hospital. O que vos posso dizer é que dessa reunião sairão naturalmente soluções e também consequências”, afirmou a ministra aos jornalistas, sem adiantar a hora e o local do encontro.
Ana Paula Martins falava à imprensa após uma visita de cerca de três horas ao Laboratório Nacional do Medicamento, em Lisboa, juntamente com o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.
“Nós estamos muito atentos a esta matéria. Como sabem, ontem fomos surpreendidos, de alguma maneira, pelo comunicado da Ordem dos Médicos”, sublinhou.
O bastonário da Ordem dos Médicos pediu na segunda-feira a intervenção direta da ministra da Saúde na ULS Amadora-Sintra, considerando que o Conselho de Administração não consegue dar resposta à falta de profissionais.
“Tem de haver - porque já percebemos que o Conselho de Administração não consegue dar essa resposta - uma intervenção direta da ministra da Saúde”, adiantou Carlos Cortes à Lusa, na sequência da demissão apresentada pelo diretor do serviço de Urgência da ULS que inclui o Hospital Fernando Fonseca.
Carlos Cortes salientou o “trabalho muito esforçado do diretor da Urgência” que se demitiu, Hugo Martins, salientando que, “sem recursos humanos, sem uma política de incentivo para captar médicos para o SNS e, neste caso em concreto para a ULS Amadora-Sintra, não se consegue fazer omeletas sem ovos”.
Ao início da noite de segunda-feira, o diretor do serviço de ULS Amadora-Sintra demitiu-se do cargo.
Fonte oficial do hospital disse à Lusa que Hugo Martins se demitiu por motivos pessoais, com efeitos a 01 de fevereiro.
“A ULS Amadora-Sintra está a procurar alternativas”, acrescentou.
Na manhã de hoje, médicos internos do Hospital Fernando Fonseca manifestaram “profunda preocupação” com o funcionamento do serviço de cirurgia geral, numa carta em que denunciam o “clima de insegurança profissional” a que estão sujeitos.
O alerta consta na carta dos internos de formação especializada em cirurgia geral do Hospital Fernando Fonseca, que integra a ULS Amadora-Sintra, a que a Lusa teve acesso e que foi enviada à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e ao bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, assim como a outras entidades.
“Manifestamos a nossa profunda preocupação face aos acontecimentos que têm comprometido gravemente o funcionamento do serviço de cirurgia geral e, consequentemente, a nossa formação médica”, escrevem os nove internos do Hospital Fernando Fonseca, de onde se demitiram em outubro 10 cirurgiões devido ao regresso de dois outros médicos que tinham denunciado más práticas no serviço, que não se confirmaram.