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Aumentou percentagem de jovens que legitima violência no namoro
Um estudo nacional sobre Violência no Namoro hoje apresentado no Porto revelou que, face a 2024, aumentou a legitimação de comportamentos abusivos como controlo, violência psicológica ou perseguição, com exceção da violência física.
Do total de jovens participantes (6.732, entre os 12 e os 22 anos, com idade média de 15 anos, em escolas portuguesas), 75% não consideram violência um dos 15 comportamentos referidos no inquérito, o que leva a coordenadora do estudo a defender uma intervenção do Ministério da Educação no sentido de criar “um ambiente seguro e de bem-estar nas escolas”.
“Isto é muito grave, são três quartos da população juvenil. E, por isso, a nossa primeira recomendação é o Ministério da Educação tomar isto em conta e emitir medidas. Há anos que lutamos por medidas de política educativa para a prevenção da violência nas escolas com pessoas especializadas na área da violência e na área da pedagogia”, afirmou Maria José Magalhães, da União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).
Outras recomendações são “o aumento do financiamento para o alargamento da intervenção da prevenção primária com especialistas na área da violência e na pedagogia em todo o país” e “a difusão, nomeadamente ao nível governamental, de uma política de violência zero, tolerância zero à violência”.
De acordo com o estudo da UMAR, os jovens não identificam como violência no namoro o controlo (63,6%), a perseguição (35,4%), a violência psicológica (35,3%), a violência sexual (34,2%), violência através das redes sociais (19,4%) e violência física (8,8%).
Por exemplo, 43,8% considera legítimo que o outro pegue no telemóvel ou entre nas redes sociais sem a sua autorização.
No que se refere à legitimação, a análise por género revela que os rapazes legitimam em maior percentagem todas as formas de violência, comparativamente ao género feminino.
Em relação aos indicadores de vitimação, 66,3% dos jovens disse já ter experienciado, pelo menos, um dos indicadores de violência, sendo os mais frequentes o insulto durante discussão (32,5%) e a proibição de estar ou falar com amigos (29,2%).
Em conferência de imprensa, as investigadoras consideraram “muito preocupantes” os números de vitimação entre os jovens, nomeadamente no que diz respeito a controlo e violência psicológica.
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto ART’THEMIS+ (Jovens Protagonistas na Prevenção da Violência e na Igualdade de Género), com recurso à aplicação de um questionário sobre violência no namoro aprovado pelo Ministério da Educação.
Da amostra total de jovens (6.732), 53,8% eram raparigas, 44,9% eram rapazes, 0,8% de outras identidades (inclui pessoas não binárias, género neutro, género fluído, terceiro género e ‘queer’, entre outros) e 0,5% não responderam.