
Ciclo de Órgão de Leiria estende-se à Marinha Grande e Caldas da Rainha
Mais concertos numa área geográfica alargada e a estreia da componente formativa marcam o III Ciclo de Órgão de Leiria, que começa no sábado e tem, pela primeira vez, extensões na Marinha Grande e nas Caldas da Rainha.
Ao todo, são seis espetáculos de sábado a 9 de março, numa iniciativa do Orfeão de Leiria que conhece em 2025 a maior edição de sempre.
“Temos como novidade o número crescente de concertos. Passámos a ter seis - no ano passado tínhamos tido cinco - e também um ciclo alargado à região Oeste. Vamos até às Caldas da Rainha e, depois, na zona Centro, temos Leiria, Fátima [concelho de Ourém, distrito de Santarém] e também a Marinha Grande”, contou à agência Lusa a diretora artística, Rute Martins. A formação ministrada por António Mota nos órgãos da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, no distrito de Santarém, é também novidade.
“Os 15 participantes vão fazer a sua audição com acesso quase único e exclusivo ao grande órgão da Basílica”, salientou a organizadora, realçando o privilégio de utilizar o maior órgão do país, com 6.500 tubos e cinco teclados.
De Fátima viaja um instrumento mais pequeno, permitindo que o ciclo se estenda até à Marinha Grande: “É um órgão positivo que se vai deslocar até lá. Não havendo na Marinha Grande um instrumento, vamos proporcionar ao público de lá a possibilidade de ouvirem um órgão de verdade”.
Já o alargamento às Caldas da Rainha é diferente: na Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, classificada como Monumento Nacional, há um órgão restaurado em 2023.
“Tem características portuguesas muito acentuadas daquela época”, o primeiro quartel do século XIX, quando foi construído pelo mestre organeiro António Joaquim Fontanes.
É um órgão que “tem sido muito pouco tocado e será um concerto muito interessante, porque vai ser só repertório português e espanhol”, antecipou Rute Martins.
O ciclo proporciona encontros entre o órgão e outros instrumentos, como flauta, voz, violoncelo, trompete e trompa.
“O ‘rei’ não vai desfrutar sozinho, vai partilhar o seu ‘reinado’ bem acompanhado”, disse a diretora artística, salientando que o órgão “enquanto instrumento solista estará sempre presente em cada um dos concertos, mas também apresenta a sua vertente enquanto instrumento que acompanha instrumentos solistas”.
Desde o início, o Ciclo de Órgão de Leiria tem, sobretudo, oferecido a oportunidade de ouvir instrumentos habitualmente vedados ao público.
“Os intérpretes são um veículo para colocar os instrumentos a ‘falarem’. É isso que faz o ciclo crescer, sempre com um grande e numeroso público, que tem enchido estes espaços. Assim espero que seja neste ciclo também”, concluiu a organizadora.
‘Harmonia histórica: trios e duetos dos séculos XVII e XVIII’ abre o ciclo, no Edifício da Resinagem, na Marinha Grande, no sábado, a partir das 18h00. O Liz Consort terá a mezzo soprano Susana Teixeira como convidada.
A 1 de março, a Sé de Leiria acolhe ‘De Paris à Escandinávia’, do duo Organicordis, com António Esteireiro no órgão e Nelson Ferreira no violoncelo.
O espanhol Arturo Barba apresenta-se no dia 2 de março, no órgão da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com o programa ‘Versatilidade sonora’. Arturo Barba já tocou em órgãos de quase toda a Europa, incluindo na Catedral de Nodre-Dame, em Paris, ou na Abadia de Westminster, em Londres. O trompetista Anthony Aarons junta-se ao organista João Santos em “Inspirando ar, expirando música III” na Igreja de São Francisco, em Leiria. Será no dia 07 de março, com o português a tocar um orgue-célesta de 1898.
À Igreja do Pópulo, nas Caldas da Rainha, o organista Nuno Oliveira leva ‘Uma jornada Barroca’, no dia 8 de março.
O ciclo encerra a 9 de março com ‘Uma viagem musical através dos séculos’, com o organista Paulo Bernardino e o trompista Diogo Bernardino no Santuário de Nossa Senhora da Encarnação. |