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Governo vai criar linha de apoio para alunos vítimas de bullying
O Governo anunciou hoje a criação de uma linha de apoio para alunos vítimas de ‘bullying’, uma recomendação do grupo de trabalho de combate a este fenómeno nas escolas, que revela que perto de 6% já se sentiu vítima.
O compromisso foi assumido pelo secretário de Estado e Adjunto da Educação no encerramento da sessão de apresentação do Relatório do Grupo de Trabalho de Combate ao Bullying nas Escolas, que decorreu hoje na Escola Secundária Rainha Dona Leonor, em Lisboa.
"É uma necessidade que reconhecemos, é algo diferenciador face àquilo que tem sido feito e há uma grande necessidade de fazer algo que é diferenciador", afirmou Alexandre Homem Cristo.
O secretário de Estado reconheceu, no entanto, que se trata de uma medida complexa e, por isso, não quis comprometer-se com um prazo, assegurando que será algo no qual o Governo irá trabalhar "de forma sustentada e com a preocupação de ter uma solução eficaz".
Em declarações aos jornalistas, a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, acrescentou que a linha de apoio não deverá estar concluída este ano, mas também não se comprometeu com a hipótese de vir a ser implementada ainda no decorrer do próximo ano letivo, 2025/2026.
A criação de uma linha de apoio específica para os alunos vítimas de ‘bullying’ é uma das recomendações do grupo de trabalho, cujo relatório revela que, em média, um em cada 17 alunos considera já ter sofrido de ‘bullying’.
De acordo com os resultados do inquérito, em que participaram mais de 31 mil alunos entre os 11 e os 18 anos, 5,9% reconheceram-se como vítimas e 1,2% consideram ter tido um papel em situações de ‘bullying’ enquanto agressor. Por outro lado, 12,4% testemunharam casos de violência.
“Bastava haver um que já era preocupante”, sublinhou a ministra, sublinhando, no entanto, que os dados não são motivo para o executivo ficar “amarrado” à preocupação.
“É uma obrigação, agora temos de agir e encontrar respostas para estas crianças, para os pais e encarregados de educação e para toda uma comunidade educativa que é impactada por este tipo de fenómenos”, acrescentou.
Além da linha de apoio, o grupo de trabalho recomenda, por exemplo, a adoção de um programa nacional de prevenção do combate ao ‘bullying’ e ao ‘ciberbullying’, a criação de equipas multidisciplinares especializadas nas escolas, o reforço da formação de docentes, psicólogos e assistentes operacionais ou o desenvolvimento de programas de aquisição de competências sócio emocionais.
“Temos noção de que o ‘bullying’ é um problema que é grave pelo impacto que tem, mas faltava-nos um diagnostico”, afirmou Margarida Balseiro Lopes, insistindo que o próximo passo é pôr em práticas as recomendações.
“Este é um tema difícil, para o qual têm faltado respostas e quando criarmos – e vamos criar – essas respostas têm de ser as mais ajustadas possíveis”, referiu, sublinhando que o executivo não está a “começar do zero”, uma vez que várias escolas já implementam projetos de prevenção e combate ao ‘bullying’.
“O que queremos é garantir que nenhum aluno está mais ou menos protegido porque na sua escola há ou não um projeto”, explicou.