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“Os ucranianos vão lutar até ao fim”
Assinalam-se hoje três anos desde o início da invasão russa à Ucrânia. Três anos de conflito, destruição e resistência. Entre as tentativas de negociações de paz e a mudança na liderança dos Estados Unidos, a guerra, que muitos acreditavam que não duraria tanto tempo, prolonga-se sem um desfecho à vista.
Para Yuliya Hryhoryeva, representante da comunidade ucraniana em Leiria, todas as negociações que têm ocorrido nos últimos tempos estão longe de significar uma verdadeira busca pela paz. “Eu acho que isso nem se podem considerar negociações de paz”, realçou, considerando que a Ucrânia está a ser “apertada” para ceder e “para se entregar”.
“Todos fazem pressão sobre a Ucrânia. Não digo pela parte da Rússia, mas da parte dos supostos aliados americanos. Pouco lhes importa os ucranianos, parece que o governo americano que agora tomou posse só lhe interessa o dinheiro. Não lhe interessa a vida humana e a paz”, acrescentou.
Sobre o facto de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter considerado Volodymyr Zelensky, um “ditador sem eleições”, Yuliya Hryhoryeva considera que este tipo de “narrativas” são “completamente absurdas”, pois, a Ucrânia “já teve mais presidentes do que qualquer outro país”. “Se nós não temos eleições não é por falta de democracia, é porque estamos em situação de guerra e a lei marcial diz claramente que não podem haver eleições, porque não há condições para tal”.
A data do fim da guerra é difícil de prever, mas Yuliya Hryhoryeva acredita que “os ucranianos vão lutar e defender” o território “até ao fim”, até porque “não há outra escolha”.
Yuliya Hryhoryeva descartou ainda aquilo que se diz sobre o facto de os ucranianos estarem “cansados” e quererem alcançar “a paz a qualquer custo”. “As sondagens dizem que existem essas pessoas, mas é 1% de toda a população. Não se pode levar a sério e dizer que os ucranianos se querem render a qualquer custo. Isto é completamente mentira”, salientou.
Apesar de não ter “dados concretos”, Yuliya Hryhoryeva deu conta que muitos dos ucranianos que chegaram a Leiria há três anos permanecem na cidade ou nas redondezas, a maior parte em casa de familiares ou conhecidos. Outros partiram para outros países.
Com desafios na integração, Yuliya Hryhoryeva salientou que todos eles tiveram de “tentar” retomar a vida.
Para o futuro, o desejo de Yuliya é claro: “Que nos deixem viver em paz, na nossa terra, à nossa maneira. E não digam o que nós devemos ou não devemos fazer. Claro que queremos paz, mas não a qualquer custo”, assegurou.
O Castelo de Leiria vai iluminar-se hoje com as cores da bandeira da Ucrânia.
Recorde-se que o presidente ucraniano pediu garantias de segurança dos países aliados ocidentais para que possa “acabar com a guerra” em 2025.
“Queremos garantias de segurança este ano, porque queremos acabar com a guerra este ano”, afirmou Zelensky numa conferência de imprensa em Kiev.