
Central fotovoltaica flutuante na albufeira do Cabril prevê mais de 82 mil painéis solares
A central fotovoltaica flutuante projetada para a albufeira do Cabril, nos concelhos de Pedrógão Grande, Pampilhosa da Serra e Sertã, prevê 82.368 painéis solares, segundo o estudo de impacto ambiental desde hoje em consulta pública.
“O projeto da central fotovoltaica flutuante de Cabril terá uma potência de ligação de 47,77 MWp [mega watt-pico] gerada em 82.368 painéis solares, cada um capaz de produzir uma potência de pico de 580 Wp e ocupando uma área total de painéis de 33,97 hectares”, revela o resumo não técnico do estudo de impacto ambiental, disponível na plataforma participa.pt.
A unidade mega watt-pico corresponde à potência máxima de um conjunto de painéis solares nas condições ‘standard’, isto é, radiação solar de 1.000 watts/m2 e 25 graus de temperatura.
O resumo não técnico adianta que “a produção elétrica anual expectável atingirá” cerca de 73.799 megawatt por hora, sendo que a energia gerada vai ser injetada na Rede Elétrica de Serviço Público.
A fase de construção tem a duração de 18 meses, enquanto a exploração tem entre 25 e 30 anos. Já a fase de desativação tem a duração de seis meses.
“Durante a fase de construção estima-se que o número de trabalhadores afetos à obra seja no máximo 120 pessoas”.
Na fase de exploração, a central fotovoltaica flutuante “irá dispor de um sistema de comando que lhe permite funcionar automaticamente”.
Assim, “na fase de exploração estão previstas três pessoas permanentemente alocadas ao projeto”.
A central, projeto da empresa Voltalia, que ganhou o leilão solar flutuante para o Cabril, está prevista para território dos concelhos de Pedrógão Grande (distrito de Leiria), Pampilhosa da Serra (Coimbra) e Sertã (Castelo Branco).
Com as duas linhas elétricas aéreas associadas (uma de 3,44 quilómetros e outra de 21,21 quilómetros), o projeto chega também aos concelhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos (Leiria), e Penela (Coimbra).
Uma linha, de 30 quilovolt (kV, medida de tensão elétrica), vai ligar os postos de transformação da central a uma subestação. Já a ligação desta à subestação da rede elétrica nacional será efetuada com uma linha elétrica de 60 kV.
A consulta pública do estudo de impacto ambiental, já com sete participações, termina em 17 de abril.
Segundo o estudo, as câmaras de Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra emitiram parecer desfavorável ao projeto da central, enquanto o município da Sertã não fez chegar resposta até à sua conclusão.
O documento, elaborado pela Sinambi Consultores para a Voltalia, refere que, de acordo com Regime Jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental, este projeto não se encontra diretamente sujeito a avaliação de impacto ambiental, mas esta foi determinada após a Direção-Geral de Energia e Geologia concluir que, dadas as características da área da sua implantação, “poderá ser suscetível de provocar impactes negativos significativos no ambiente”.
O anterior Governo leiloou a exploração de 263 megawatts de energia solar em sete barragens do país, tendo em abril de 2022 adjudicado seis dos sete lotes, incluindo o do Cabril, este para a Voltalia.
Então, a Voltalia explicou, em nota de imprensa, que a capacidade instalada da central “será entre 33 MW e 40 MW, dependendo da otimização final do projeto”.
“Com 33 hectares, a central vai fornecer energia verde para um volume equivalente ao consumo de 70.300 habitantes”, esclareceu a empresa, referindo que a expectativa é a de que “o projeto seja comissionado até 2026”.
Quanto às receitas, “serão suportadas por um contrato de 15 anos atribuído pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, prevendo um preço de 41.025 euros por megawatt-hora”, adiantou na mesma ocasião a Voltalia.
No seu sítio na Internet, lê-se que a empresa foi fundada em França, em 2005, e é “um produtor de energia e um prestador de serviços internacional”, especializado “em soluções de energia renovável”.