Nazaré entre as tradições e as ondas gigantes

Durante anos, a vila da Nazaré era visitada pelo seu pitoresco e forte tradição piscatória. Hoje, é muito mais do que as suas gentes e costumes. Desde que Garrett McNamara surfou uma onda gigante que a vila passou a ser romaria em qualquer altura do ano.
Se no verão, milhares de pessoas procuram as praias da Nazaré, o tempo invernal atrai igualmente milhares de ‘fãs’ das ondas gigantes geradas pelo ‘Canhão da Nazaré’.
Mas vamos por partes, porque há muito por descobrir na Nazaré, a começar pela vila. A marginal que percorre a praia proporciona passeios em família a qualquer hora do dia, com a restauração e o comércio de mãos dadas para uma experiência única. Entram neste ‘quadro’ as mulheres de traje preto que se vão alinhando, virando e pondo a secar o carapau, ou pregando as ofertas de alojamento particulares. O traje é outra curiosidade: elas vestem sete saias, um avental colorido e um lenço preto à volta da cabeça.
Todas as vilas piscatórias têm devoção mariana e a Nazaré não é exceção. O Sítio está intrinsecamente ligado à lenda de D. Fuas Roupinho. É também no Sítio que podemos visitar o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré.
A dificuldade de acesso ao Sítio desde sempre condicionou o desenvolvimento do lugar e a fixação das gentes. Para servir os interesses da população e facilitar a chegada dos peregrinos até à Senhora da Nazaré, foi construído um ascensor mecânico. Inaugurado em 1889, o elevador da Nazaré é considerado como uma das melhores iniciativas da história da vila.
Se mantivermos o curso do nosso passeio na direção do Forte S. Miguel Arcanjo descobrimos o local onde nascem as maiores ondas do mundo: a Praia do Norte.
A construção deste monumento teve início no reinado de D. Sebastião, em 1577, visando a defesa da enseada. Atualmente, é o miradouro privilegiado sobre as ondas grandes. No seu interior, consagra o Centro Interpretativo do Canhão da Nazaré, a Surfer Wall e vários conteúdos expositivos.
O mar da Praia do Norte é um dos locais mais apreciados por surfistas de todo o mundo que ali ocorrem para apreciarem as gigantes ondas que se formam no conhecido ‘Canhão da Nazaré’, o maior desfiladeiro submerso da Europa, com uma extensão de 200 km que chega a atingir 5.000 metros de profundidade.
Uma dessas ondas, com 23,80 metros de altura, foi surfada pelo havaiano Garrett McNamara em 2011. Em 2017, o brasileiro Rodrigo Koxa surfou uma onda com 24,38 metros, detendo o recorde mundial para a maior onda surfada de sempre.