É preciso passar?
Num mundo cada vez mais digital, a Inteligência Artificial (IA) está a transformar todos os setores da sociedade, incluindo o da educação.
A escola há muito que se encontra no limiar de uma profunda mudança. A estrutura tradicional, com alunos sentados a ouvir um professor, já não se coaduna com as exigências de um mundo marcado pela velocidade da informação e pela comunicação instantânea. O modelo clássico de ensino revela limitações e a IA, além de aprofundar esse fosso, pode ser uma oportunidade para repensarmos a educação.
As salas de aula refletem essa inquietante transformação. Os cadernos escasseiam sobre as secretárias, substituídos por tablets e computadores. Os manuais impressos cedem espaço aos digitais e a caneta pode, em breve, tornar-se um objeto de museu. Afinal, para que serve a elegante esferográfica se quase não desliza sobre o papel? Até os marcadores do quadro são postos em causa: "Professora, pode pôr no Moodle?"
Da primeira vez, senti uma afronta. Agora, não me surpreende quando começo a preencher a tela branca e ouço do fundo da sala: "Professora, é preciso passar ou podemos tirar foto?"
Apetece gritar: "É, é preciso passar!". Mas não apenas os apontamentos. É preciso passar às próximas gerações que o acesso fácil à informação não pode substituir o esforço de aprender. Que o imediatismo digital não pode eliminar competências essenciais como ler, interpretar, escrever e pensar criticamente.
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