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Leiria assinala insuficiências ao estudo da alta velocidade

O parecer provisório do município é favorável condicionado à avaliação de impacto ambiental. A autarquia considera que o estudo “não aborda, de forma conveniente, a mitigação de alguns impactes socioeconómicos decorrentes”.

A Câmara de Leiria considera que o estudo de impacto ambiental (EIA) do troço entre Soure e Carregado da futura linha de alta velocidade (LAV) Lisboa–Porto, que contempla uma estação em Leiria, tem insuficiências.
“O EIA vocaciona-se muito para a infraestrutura da LAV e reflete pouco sobre os efeitos da localização da estação LAV no território da região de Leiria, nomeadamente os efeitos económicos e sociais do seu potencial transformador”, refere o parecer provisório do município, que é favorável condicionado à avaliação de impacto ambiental.
O documento foi ontem abordado em reunião do executivo municipal, descentralizada em Regueira de Pontes.
A linha de alta velocidade Porto-Lisboa, com uma velocidade máxima de 300 quilómetros/hora, destina-se a tráfego de passageiros, segundo o resumo não técnico do estudo, em consulta pública em participa.pt até sexta-feira.
No documento, encomendado pela Infraestruturas de Portugal (IP), há duas soluções para o troço Soure-Carregado, A e B.
O troço foi dividido em quatro trechos - Carregado–Rio Maior, Rio Maior-Juncal, Juncal-Bidoeira e Bidoeira-Pombal -, apresentando-se várias alternativas de traçado segundo as soluções base.
No trecho Juncal-Bidoeira há ainda uma alternativa àquelas soluções, a variante de Regueira de Pontes, que se inicia após a nova estação de Leiria, projetada para a Barosa, e termina no final do trecho 3.
No parecer provisório, de 53 páginas, o município sustenta que o EIA, “reflete o enquadramento de atribuições e competências da IP, não explorando a possibilidade de envolver outros atores-chave no processo que possuam atribuições e competências importantes para construir respostas cabais aos desafios originados pela localização da estação”.
Por exemplo, a Câmara considera que o estudo “não aborda, de forma conveniente, a mitigação de alguns impactes socioeconómicos decorrentes” da estação na Barosa, nomeadamente a qualidade paisagística e as acessibilidades.
Para o município, a estação obriga à “criação e otimização” de acessibilidades regionais e locais, além de redes de transporte público de passageiros e “infraestruturas dedicadas aos modos suaves”.
“As autoridades responsáveis terão de articular um conjunto de medidas integradas, de modo a garantir que a circulação entre a estação LAV e a cidade [de Leiria] se torne segura, eficiente e sustentável”, defende a autarquia, advertindo que, “sem estas intervenções, o potencial de desenvolvimento e os benefícios económicos poderão ser ofuscados pelos transtornos causados pelos congestionamentos e pelo aumento da utilização do transporte individual”.

Município propõe investimentos para estação
Entre os investimentos complementares que a Câmara propõe para a estação na Barosa ter sucesso está a reformulação de ligações da Estrada Nacional (EN) 242 e do nó sobre a Autoestrada 19, além de uma ligação ao futuro terminal intermodal de Leiria ou à EN 109.
A autarquia propõe ainda, entre outros aspetos, alterar o regime de portagens nas autoestradas 8 e 17 e no Itinerário Complementar 36.
Na reunião de Câmara, o presidente da Junta de Regueira de Pontes, Vítor Matos, alertou para os impactos negativos da alta velocidade na freguesia, como ruído, vibrações, desvalorização de terrenos e de edificações, ordenamento do território e impactos na paisagem, tal como na mobilidade e acessibilidades tendo um morador afirmado que vai “ter o comboio à mesinha de cabeceira”.
O presidente do município, Gonçalo Lopes, reconheceu que Regueira de Pontes é a zona que “fica mais prejudicada”.
“Embora [Leiria] receba uma estação, também tem impactos negativos. Vamos reclamar equilíbrios” na fase de participação pública, assegurou Gonçalo Lopes.
Já o vereador Luís Lopes salientou que, com a variante de Regueira de Pontes, “apesar de haver redução de infraestruturas impactadas, não há impacto zero na alta velocidade”, garantindo que o município vai trabalhar até ao último minuto no parecer a enviar no âmbito da consulta pública que, a meio da tarde de ontem, somava 416 participações.

Março 19, 2025 . 08:30

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