
Carta Arqueológica reúne vestígios terrestres e subaquáticos
A Carta Arqueológica das Caldas da Rainha, já apresentada, reúne num único documento o levantamento de vestígios arqueológicos terrestres e subaquáticos do concelho, desde a pré-história à época contemporânea.
O documento “é reconhecido pela importância que tem no conhecimento território”, listando descobertas de “milhares de anos que contribuíram para aquilo que o concelho é hoje”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vítor Marques.
A carta, apresentada publicamente, no Inatel da Foz do Arelho, “revela vestígios e locais já conhecidos, mas lista também alguns outros, de maior importância e que irão ser alvo de estudos mais profundos”, acrescentou o autarca.
A Carta Arqueológica das Caldas da Rainha resulta de um estudo desenvolvido entre 2017 e 2021, por uma equipa interdisciplinar do Laboratório de Arqueologia e Conservação do Património Arqueológico Subaquático, do Instituto Politécnico de Tomar e da Associação CAAPortugal e, segundo os seus autores, permitiu “aumentar em 250% o conhecimento de sítios arqueológicos” neste concelho.
“Até ao início deste projeto, os dados somente eram provenientes das intervenções propostas pela Direção Geral do Património Cultural que, por sua vez, estavam dependentes dos registos que lhe chegavam”, refere a carta a que a agência Lusa teve acesso e que inventaria, além de mais de uma centena de sítios arqueológicos, sítios religiosos em utilização e sítios militares, industriais, etnográficos e paleontológicos.
O documento “é o culminar de um processo de pesquisa, que conjuga a investigação de gabinete e de campo, assente a última na prospeção, identificação e registo de vestígios, assim como na sua análise em relação com a paisagem, e os sítios observados na região, no sentido de apontar hipóteses sobre a ocupação e registar áreas de impactes, com vista a uma gestão do território que passe também pela salvaguarda patrimonial”, pode ainda ler-se.
Carta inclui levantamento de naufrágios na área da lagoa de Óbidos
O estudo teve em conta “a importância que os nomes dos lugares podem ter para a descoberta de novos sítios arqueológicos”, tendo sido recolhidos 607 topónimos dos quais 128 foram registados” e 27 considerados “de alta conexão”.
Das freguesias do concelho, as de Santo Onofre e Serra do Bouro e de Alvorninha foram aquelas em que se registaram maior número de topónimos com interesse arqueológico. Por outro lado, Nadadouro, Landal, Foz do Arelho e A-dos-Francos foram as que registam menor número.
A carta inclui ainda o levantamento de naufrágios na área da lagoa de Óbidos, São Martinho e costa das Caldas da Rainha, contando os elementos subaquáticos com um capitulo próprio.
Os diferentes dados levantados no âmbito do estudo deram ainda origem a publicações como os inventários do Património Milenar, das Lendas e do Património Religioso e Militar.
O documento, que servirá se base ao aprofundamento de novos estudos, vem assim demonstrar que “o concelho de Caldas da Rainha tem uma longa história, que não se inicia com a passagem da rainha no tempo dos monarcas, nem com todas as estruturas que advieram associadas às termas e seu hospital”.
De acordo com os autores, trata-se de um território que foi ocupado desde o paleolítico inferior, tendo sido identificados vestígios desde a pré-história, passando pelo período romano e medieval, até à época moderna.