As eleições legislativas de 18 de maio de 2025 poderão confirmar um cenário de difícil governabilidade, independentemente do partido vencedor. Tanto o Partido Socialista (PS) quanto o Partido Social Democrata (PSD) enfrentam desafios estruturais que poderão condicionar a estabilidade do país nos próximos anos.
PS Vence, Mas Com Maioria de Direita: O Bloqueio Político
Caso o PS vença as eleições, menos provável, mas com uma maioria parlamentar composta maioritariamente por partidos de direita, o país entra numa crise política quase inevitável. O PS, liderado por Pedro Nuno Santos, não terá capacidade para formar um governo funcional sem o apoio da direita, que se recusará a facilitar a sua governação. Sem uma maioria clara de apoio no parlamento, o governo socialista será constantemente bloqueado em matérias essenciais, como o Orçamento do Estado. Se o Chega é mau com o PSD, será péssimo com o PS. Sem possibilidade de eleições antes de outubro de 2026, Portugal ficará mergulhado num ciclo de instabilidade política e económica.
PSD Ganha, Mas a Controvérsia das CPI’s Será o Novo Normal
Se o PSD sair vitorioso, a situação não será muito mais simples. Luís Montenegro, enfrentará uma realidade onde as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) e as suspeitas tornarão parte do quotidiano político. Independentemente dos factos concretos e das explicações apresentados pelo primeiro-ministro, a oposição socialista tentará utilizar todas as armas para desgastar o governo desde o primeiro dia.
O PSD estará constantemente sob ataque mediático e parlamentar. O PS e os partidos à esquerda tentarão fragilizar o novo executivo, utilizando greves e suspeitas sopradas como ferramenta política. Além disso, o Chega continuará a pressionar o PSD, acusando-o de não assumir uma verdadeira governação de direita por recusar uma aliança com os partidos mais radicais do espectro político.
O Papel do Chega e a Pressão Sobre o PSD
O Chega, cujo peso eleitoral depende do maior ou menor apoio à governação social-democrata, continua a ser o grande dilema do PSD. Se Montenegro mantiver a sua posição de não se coligar com o Chega, arrisca-se a ser acusado de ter permitido um governo socialista. Por outro lado, se aceitar uma geringonça de direita, poderá alienar eleitores mais moderados e criar divisões internas no partido.
O Futuro: Um País à Beira de Nova Crise Político-Económica
Independentemente do vencedor das eleições de maio de 2025, o que se pode prever é um período de enorme instabilidade. Se o PS ganhar sem conseguir governar, poderá haver novo impasse parlamentar, levando a uma degradação da economia e da confiança internacional em Portugal. Se o PSD vencer, continuará o que é percecionado como um bom governo, mas estará permanentemente pressionado e a governação será uma batalha diária. Terá de ter uma vitória bastante mais dilatada para afastar a oposição, face a um mandato forte do eleitorado. Com essa vitória poderá colocar em respeito a oposição, remetê-la para uma posição de escrutínio, necessário, mas bastante menos agressivo com respeito pelo voto do povo português. Será tudo certamente mais calmo. Não se vê outra saída. Pelo menos até às inevitáveis eleições de outubro de 2026.