
Teatro da Rainha dedica ciclo a Alberto Pimenta
O Teatro da Rainha deu início ao ciclo Pimentíada, iniciativa centrada na obra de Alberto Pimenta com a qual a companhia das Caldas da Rainha pretende, até 5 de abril, fugir do “comemorativismo rotineiro”.
Centrado na obra de Alberto Pimenta, o ciclo, que arrancou na semana passada, prossegue com ‘Indulgência Plenária’ - poema-livro, em cinco partes, sobre o brutal assassinato da transexual brasileira Gisberta Salce Júnior por um grupo de 14 adolescentes abrigados numa instituição católica. A peça estará em destaque no ciclo de poesia ‘Diga 33’, com uma leitura aberta, hoje, no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha.
Segue-se ‘O Homem-Pykante – Diálogos kom Pimenta’, o filme performance de Edgar Pêra que será exibido no pequeno auditório do CCC (no dia 3), tendo como ponto de partida os arquivos, filmados pelo cineasta, entre 1994 e 2018, de performances, conversas e leituras de Alberto Pimenta.
Trata-se “não de um documentário de homenagem, mas antes de “um filme poético de celebração da obra de Alberto Pimenta, fruto de uma amizade e cumplicidade mantidas ao longo de décadas”, pode ler-se na página da companhia na internet.
‘Reality Show ou a alegoria das cavernas’, poema em três atos de Alberto Pimenta, é a proposta que se segue, numa encenação de Fernando Mora a alertar para “uma humanidade em queda, a pique, caindo para o interior de um poço escuro que é a caverna da desinformação, das ‘fake news’, da glorificação da barbárie, da propaganda, das teorias da conspiração, da mentira que por aí se propaga em rede ao serviço de um caos que só interessa a quem não lucra com a verdade”.
E no dia 5 o ciclo Pimentíada despede-se com ‘Marthiya de Abdel Hamidm segundo Alberto Pimenta’, uma criação sonora e cénica do compositor Carlos Alberto Augusto, sobre o texto do escritor que aborda a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 2003.
Nascido no Porto, em 26 de dezembro de 1937, José Alberto Resende Figueiredo Pimenta é uma das mais importantes figuras do experimentalismo em Portugal e dos principais poetas contemporâneos, conhecido sobretudo pelo caráter crítico e irreverente da obra, assim como pela diversidade dos géneros abordados. Filólogo, foi professor da Faculdade de Letras da Universidade Nova de Lisboa. Ao longo dos seus quase 90 anos de vida, escreveu mais de 80 livros, muitos deles premiados, entre poesia, prosa, ensaio, teatro, linguística, crítica, tradução, e não hesitou na produção de performances e happenings.