A Comunidade Intermunicipal de Leiria e a Ferrovia
Leio nos jornais que a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIM) considera ser imprescindível a garantia de “um equilíbrio entre os ecossistemas e o bem-estar humano” na futura linha de alta velocidade, que vai atravessar quatro dos seus 10 concelhos. E, apesar de assumir que o projecto é “uma oportunidade única para transformar estruturalmente o território e impulsionar a Região de Leiria em termos de atracção de pessoas e investimento”, a CIM ficou muito longe de avaliar a questão.
Sem ter nada contra o bem-estar humano, bem pelo contrário, choca-me que o pensamento da CIM não tenha mais ideias sobre o desenvolvimento da região, nomeadamente sobre os enormes erros contidos nos projectos ferroviários do Porto a Lisboa e de Lisboa a Madrid e dos verdadeiros prejuízos causadas à região. Vejamos alguns desses erros:
1-A construção destas novas vias em bitola ibérica, em vez da utilização da norma europeia, resulta que o enorme investimento a ser feito impeça que as mercadorias portuguesas possam ser exportadas por via-férrea para a Europa onde estão 75% dos nossos clientes. Pior, as exportações portuguesas ficam reféns dos centros logísticos espanhóis, os nossos maiores concorrentes. Idem quanto a passageiros portugueses que serão os únicos europeus a ficarem dependentes do avião para viagens até cerca de mil quilómetros, quando a nossa vizinha Espanha já praticamente não usa o avião para as viagens internas, porque construiu nos últimos trinta anos um dos mais modernos sistemas ferroviários no mundo em bitola e sistemas de segurança de acordo com as normas europeias.
Para continuar a ler este artigo
nosso assinante:
assinante: