No trabalho, ouvi mais uma vez aquela frase que já se tornou quase um refrão: “Preferia estar em casa.” Outras vezes, o lamento é "Nunca mais são 5 horas...", "O fim de semana devia ter três dias." ou "Podia ser sempre sexta-feira ao fim da tarde." Confesso que, de tantas vezes que já ouvi estas expressões, começo a perguntar-me o que realmente significam. Será que quem o diz pensa no que implicaria “estar em casa”?
Se estivessem em casa, talvez fosse porque estavam desempregados – e não há nada mais angustiante do que querer trabalhar e não ter onde ou como o fazer. Ou talvez estivessem em casa por doença – e quem já passou por momentos de fragilidade sabe o quão penoso isso pode ser. Sim, poderiam estar em casa de férias, mas até isso exige esforço prévio para ser possível. Por fim, há quem sonhe ser milionário e viver de rendimentos, mas quantos realmente fizeram por isso?
O trabalho é, muitas vezes, encarado como um fardo, quando na realidade deveria ser visto como um privilégio. Mas nos tempos de hoje, trabalhar já não significa apenas cumprir um horário fixo e receber um salário. Para muitos, significa ter de acumular dois empregos porque o custo de vida está mais alto e o que se ganha já não chega para cobrir as despesas básicas. Para outros, significa conciliar o trabalho com os estudos, seja porque não foi possível terminar a formação na altura certa, seja porque procuram evoluir academicamente para alcançar melhores oportunidades. E, em qualquer um destes cenários, há sempre um desafio adicional: gerir a vida familiar.