Falar de guitarra portuguesa no último século é, seguramente, falar de Carlos Paredes, de cujo nascimento, no próximo mês de fevereiro, passam 100 anos. A sua dimensão nacional e internacional, confere-lhe o estatuto que só os grandes mestres atingem, com a humildade que só os génios conseguem evidenciar.
Tive o privilégio de me encontrar com ele numa tarde de primavera em 1988, para uma conversa tão marcante quanto informal. De quem o elogiava, dizia apenas… “Há uma manifestação de simpatia por parte dos jornalistas, o que os leva a atribuírem-me predicados que não tenho. Fazem-no porque gostam de ouvir guitarra, simplesmente”.
Oriundo de uma família de músicos (Artur Paredes, pai e Gonçalo Paredes, avô) que estaria na origem do chamado estatuto de guitarra de Coimbra, Carlos, músico e compositor nasceu precisamente na cidade do Mondego, a 16 de fevereiro de 1925.
O legado musical marcava-o e aos 9 anos já acompanhava o pai à guitarra e aos 14, integrava o programa que o pai tinha na então emissora nacional. Aulas de violino e piano, por influência materna, viriam a ter um papel importante na cultura musical de Carlos Paredes.