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Tupperware alarga até 14 de fevereiro dispensa de trabalhadores de apresentação ao serviço

"Incerteza do futuro da fábrica e dos 200 trabalhadores" continua até dia 14 de fevereiro

Os 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware em Montalvo, Constância (Santarém), que hoje cessariam funções na empresa, foram notificados do alargamento da dispensa da apresentação ao trabalho até 14 de fevereiro, disse hoje à Lusa fonte sindical.

Os trabalhadores já foram notificados ontem [quinta-feira], através de mensagem, para se manterem em casa até à próxima sexta-feira, portanto, dia 14 de fevereiro, sexta-feira da próxima semana, e na segunda-feira deslocam-se à empresa para trazerem o documento [comprovativo] que os está a mandar ficar em casa”, disse hoje à Lusa fonte do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras (SITE CRSA).

Segundo Isabel Matias, dirigente sindical, a incerteza do futuro da fábrica e dos 200 trabalhadores continua, agora até dia 14 de fevereiro. “Depois, a partir daí, logo se vê, mas por agora continua a incerteza”, declarou.

Os 200 funcionários da Tupperware foram informados em 09 de janeiro que iriam continuar a trabalhar até final do mês, com o respetivo pagamento de vencimento, sendo o período alargado, inicialmente, até 07 de fevereiro, e agora, por mais uma semana, mantendo-se a incerteza sobre o futuro da fábrica e dos trabalhadores.

A administração começou a dispensar trabalhadores por falta de serviço e para não estarmos lá parados começou a dispensar os trabalhadores para poderem ficar em casa, a receber com todos os direitos, com subsídio de alimentação e subsídio de turno, quem tivesse turnos”, disse à Lusa, no final de janeiro, um trabalhador da fábrica instalada em Montalvo.

A carta, entregue em mãos em 31 de janeiro, “diz que fomos dispensados do serviço até dia 07 de fevereiro, salvo se a empresa precisar dos nossos serviços, e aí ligará para nos apresentarmos para trabalhar”, disse então à Lusa Rui Caseiro, com 47 anos de idade e 23 de casa, tendo hoje indicado que irá na segunda-feira “assinar mais uma semana de dispensa”.

A carta de dispensa “não é ainda uma carta de despedimento”, notou Caseiro, tendo referido que as cartas foram entregues “de forma gradual e por secções”, e que os funcionários “podem ser chamados a retomar o trabalho”, havendo ainda a “esperança” que a empresa não feche portas e que os trabalhadores não vão para o desemprego.

Numa das cartas de dispensa, dirigida aos trabalhadores da produção e assinada pelo diretor da unidade fabril, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que, “na sequência da reunião de 09 de janeiro de 2025 e conforme acordado, vimos pela presente comunicar que se encontra dispensado de comparecer ao serviço e prestar trabalho de 16 de janeiro a 07 de fevereiro de 2025, inclusive”.

A carta refere ainda que, “durante o referido período, [o trabalhador] fica dispensado dos deveres de assiduidade e pontualidade”, e que “esta dispensa não altera a sua situação laboral, mantendo todos os direitos e regalias, incluindo o pagamento da remuneração e respetiva contagem da antiguidade”.

Apesar da dispensa, o trabalhador “deverá manter-se disponível para colaborar com a Tupperware – Indústria Lusitana de Artigos Domésticos Lda ou retomar a sua prestação de trabalho quando tal lhe seja solicitado”, pode ler-se, comprometendo-se a empresa a “avisar com um dia útil de antecedência caso seja necessário retomar a prestação de trabalho”.

Rui Caseiro disse hoje à Lusa que “os vencimentos estão todos em dia”, incluindo o do mês de janeiro, tendo indicado que o futuro “continua incerto” e que “há interessados em tentar manter o funcionamento” da fábrica.

Dizem que ainda há uma luz para o futuro. As pessoas andam na expectativa. Estamos na incerteza mesmo. As pessoas estão a viver um dia de cada vez”, afirmou.

Contactado o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira disse hoje à Lusa que o processo negocial com o grupo de empresários portugueses interessados na fábrica da Tupperware continua a decorrer.

As informações que tenho é que o processo negocial mantém-se. Vamos ver se nos próximos dias existem desenvolvimentos”, declarou, tendo feito notar que “o poder de decidir está nas mãos dos credores, dos investidores e dos fundos de investimento na América”.

Face a estas movimentações, Sérgio Oliveira disse existirem várias possibilidades, sendo que "a da insolvência é que ninguém quer”.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional.

O pedido de insolvência da casa-mãe tem consequências diretas na unidade portuguesa e pode deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali são efetivos, a maioria dos quais residente em Montalvo.

A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.

 

Fevereiro 7, 2025 . 14:54

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