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A carência dos Bombeiros Sapadores de Leiria é “a falta de pessoal”

Setembro 16, 2024 . 07:50

A carência dos Bombeiros Sapadores de Leiria é “a falta de pessoal”

Bombeiros Sapadores vão manifestar-se em outubro. Pedem a regulamentação “imediata” da carreira de bombeiro sapador onde seja “acautelado o horário de trabalho e um salário digno para o horário a desempenhar”

O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) anunciou a realização de uma manifestação nacional em Lisboa para o próximo dia 2 de outubro. O motivo da mobilização deve-se aos “graves problemas” que a classe enfrenta e à “resposta indiferente e inaceitável” por parte do Governo. A manifestação conta com o apoio de várias corporações de bombeiros sapadores do país, incluindo os Bombeiros Sapadores de Leiria.

Em declarações ao nosso jornal, Ricardo Aparício sub-chefe de segunda classe da companhia dos Bombeiros Sapadores de Leiria e delegado do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, sublinhou que a corporação local se revê  nas reivindicações, destacando a falta de pessoal como a principal carência que afeta o corpo de bombeiros de Leiria.

Ricardo Aparício destacou que a escassez de pessoal se tornou uma questão crítica ao longo dos anos. “A carência de Leiria é a nível nacional também, que é de falta de pessoal. Os concursos, quando abrem, já não têm a adesão que havia há 20 anos atrás”, explicou.

Atualmente, em Leiria, a adesão a concursos é mínima, assegura. “O último concurso que abriu, acho que concorreram talvez umas 20 pessoas para 12 vagas”, revelou.

Há duas décadas, o cenário era bem diferente: os concursos para bombeiros sapadores em cidades como Lisboa “atraíam até 2.000 candidatos para 50 ou 60 vagas”. Contudo, hoje em dia, a “falta de atratividade salarial e a falta de condições de trabalho” têm levado muitas pessoas a desistirem das vagas.

“Como o ordenado base não é atrativo, e há estas questões todas dos subsídios e da legislação não estar adequada, as pessoas acabam por perder o interesse em concorrer”, sublinhou.

Há 20 anos, o ordenado base de um sapador rondava os “960 ou 980 euros”, um montante que na altura era considerado “atrativo”. No entanto, com a estagnação salarial e o aumento do custo de vida, o mesmo já não se verifica. “O ordenado  base não é atrativo, e há estas questões todas dos subsídios e da legislação não estar adequada, as pessoas acabam por perder o interesse”, referiu, apontando para uma “bola de neve” de problemas.

Segundo o delegado sindical, atualmente, o corpo de bombeiros de Leiria opera com apenas 50 elementos, quando idealmente deveria ter cerca de 120. Para agravar a situação, há a previsão de que mais quatro elementos se reformem nos próximos 12 meses. “Devia ser aberta uma recruta de pelo menos 20 homens, para já”, declarou Ricardo Aparício.

 

Os Bombeiros Sapadores pedem a regulamentação “imediata” da carreira, onde seja “acautelado o horário de trabalho e um salário digno para o horário a desempenhar.”

Sobre o pagamento dos suplementos de risco e disponibilidade permanente, reivindicam “o pagamento à parte do vencimento base conforme acontecia até 2002”.

“Queremos um regime de aposentação, idêntico ao que tínhamos até 2019, pois o atual apenas nos atribui uma redução de seis anos ao limite legal, sendo certo que com 60 anos ninguém tem capacidade de prestar socorro profissional, como aquele que é feito pelos Bombeiros Sapadores”, lê-se numa publicação feita por Ricardo Aparício.

“A manifestação tem como objetivo mostrar que os bombeiros sapadores não estão contentes com o Governo, que faltou à palavra”, disse à Lusa o presidente do SNBS, Ricardo Cunha, relembrando que os secretários de Estado da Proteção Civil e da Administração Local comprometeram-se em reunir com os representantes do sindicato até junho, mas tal não aconteceu. Em causa, está o aumento salarial, que já tinha sido prometido pelo anterior Governo socialista.

Em comunicado, o sindicato refere que, desde o início do processo, o SNBS tentou “o diálogo e a procura de soluções”. “No entanto, a atitude da tutela, ao ignorar completamente os nossos apelos, revela não só desinteresse, mas também a intenção de prolongar os problemas, demonstrando uma total falta de respeito e consideração por este corpo especial da função pública. Perante esta realidade inacreditável, o executivo de Luís Montenegro não nos deixou outra opção senão avançar para uma luta aberta e exigir, nas ruas, as condições de trabalho e a dignidade de carreira que nos são devidas”, refere ainda o sindicato.

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