O Orçamento, as pantominas e o sistema eleitoral
O colorido e o ruído do debate político-parlamentar em torno do Orçamento do Estado confirmam como o sistema eleitoral actual favorece o império da mediocridade e dificulta uma resposta democrática madura perante os desafios de cada tempo. É o paraíso para os flibusteiros: pantominas e infantilidades têm curso fácil.
O PS e o Chega, partidos de que pode depender a aprovação do Orçamento de Estado e a estabilidade política, têm dado mostras de pouca responsabilidade (ou vibrante irresponsabilidade) e de desorientação.
O Chega é campeão do desconchavo. Abriu a temporada orçamental com a condição sine qua non do referendo à imigração. Que tem uma coisa a ver com a outra? Absolutamente nada. Depois, gritou o “irrevogável” voto contra o Orçamento. Ziguezagueou em diversas variações e acenou votar a favor. Disse que “tivera sempre” a posição de não abrir uma crise política. Por último, rebentou a inventar mentiras sobre o conteúdo de reuniões com o primeiro-ministro e repescou o “irrevogável” voto contra.
O PS, em menor número de passos, exibiu também dotes de bailarino. Abriu ao ataque, com linhas vermelhas sobre IRC e IRS Jovem. Vindo o governo a aproximar posições em “proposta irrecusável”, mostrou que, afinal, as linhas vermelhas eram a tracejado, mas não fechou a mesa. Fez novas exigências. Deixou tudo em suspenso. No fim, dois movimentos sintomáticos: zurziu as figuras do PS que, em “pedestal” mediático, exprimiam posições mais dialogantes; e alinhou ao lado do Chega nas “dúvidas” sobre as reuniões deste com o primeiro-ministro.
O PS, em menor número de passos, exibiu também dotes de bailarino. Abriu ao ataque, com linhas vermelhas sobre IRC e IRS Jovem. Vindo o governo a aproximar posições em “proposta irrecusável”, mostrou que, afinal, as linhas vermelhas eram a tracejado, mas não fechou a mesa
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